Há
pouco tempo estava ali naquele espaço exíguo. Ainda lhe era estranho tudo que
lhe rodeava. No olhar um misto de espanto ou admiração. Estava situado em um
local pequeno, mas não parecia se inquietar com os tamanhos e as formas. Agora
uma preocupação se fazia notar facilmente em seu pequeno rosto. Tentava
cuidadosamente apanhar aquele objeto que relutava parar em suas mãos. Não havia
ainda domesticado o manuseio. As coisas
lhe eram fugidias e, quando conseguia apanhar algo, se detinha por longos
momentos na contemplação desse, buscando talvez algum significado para a
existência de tal objeto. Parecia temer
cair. Nas tentativas cuidadosas e receosas para apanhar o objeto tão desejado,
sempre acabava caindo em giros de rotas indecifráveis. Não se ouvia nenhum
lamento sobre as coisas a ele oferecidas. Parecia, sabiamente, se conformar com
o pouco que lhe era ofertado. Ainda não foi atingido pelo desejo irrefreável
das coisas propagadas pela sua companheira de sala: a televisão. Só algumas
cores mais intensas e alguns sons parecem tirá-lo de seus questionamentos
mudos. De certo tempo pra cá, já
está desenvolvendo uma linguagem recheada de pequenos grunhidos e gritos
indecifráveis que para ele deve ter um significado muito além da nossa vã
tentativa de decifração que, certamente, sempre traduzimos canhestramente. O
objeto desejado, agora distanciado por mais uma tentativa, se colocou longe do
alcance das mãos, até parecia um pequeno ser fugindo de seu incansável e
inexperiente predador.
Em outros momentos, já se vê que cedo se inicia nos
tombamentos e levantamentos. Espero que saiba sempre se levantar dos tombos nos
percursos em sua jornada, já se vê que já se iniciou em treinamento constante.
Agora, depois de frustradas tentativas, agarrou a chupeta
e a colocou na boca e tombou para o lado e adormeceu. No pequeno rosto do Yan
um ar de satisfação por ter conseguido alcançar tão desejado objeto.
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