E foi nesta
tarde fria e escura, que hoje, por incrível, nada tenho novo para ler, mas
gosto de requentar boas leituras e assim, enrosco-me no sofá, embrulho-me em um
cobertor e abro o livro de WJ Solha, gentilmente me enviado, com o devido
autógrafo, pelo autor. Esse é o Homem,
já lido assim que o recebi, com data de 22/6/2013, no entanto, acho que será
agradável o contato com este longo poema, deste autor que eu já admirava na
prosa e agora me surpreende também na poesia.
Vou assim meio que em câmera lenta perpassando as páginas, os versos, estrofes,
ideias formadas, e paro para atender ao chamado de Graziela para ver como uma
torneira pinga, pinga, coisa muito apreciada por mineiros, mas esse pinga que
ela diz é do verbo pingar e que me leva umas merrecas a mais na conta do SAAE
quando a torneira pinga,e só me lembro que preciso de trocar quando alguém vê
que a torneira pinga, é como a história do Urubu que só se lembrava de
construir a casa em dia de chuva, estiava e ele se esquecia da casa.
Li até onde? Agora é um telefone que chama, assim não dá, por isso gosto de ler
pelas madrugadas, ninguém me tira o deleite da leitura.
Eu estava na página 34, parei no verso: “Flagre-se a vida”. Mas não é um
flagrante de vida, uma trajetória que começarem um não além, um ponto ou quiçá,
sem ponto, não se vai, se vem sabe-se lá de onde há uma visão panorâmica de
todos os caminhos já perseguidos em todos os segredos... e Solha às vezes passa
com desenvoltura dos clássicos ao popular, santidades e profanos, e me emociona
ao citar “lápis de carpinteiro, tão familiar!” Vejo meu pai riscando madeiras, lápis
vermelho achatado que acabado o traço, ia descansar em sua orelha direita.
Vou posicionando minha câmera e paro, opa, que é isto? O verso, ou melhor, a
estrofe, página 45, o autor a dizer que “ninguém pode, mesmo, perder o tempo do
mundo a filosofá-lo, quando o que importa é alterá-lo”, pois não é? Mas Solha
parece querer comportar em um longo poema o mundo e suas belezas e
vicissitudes, e nota-se que há neste poema, fruto de muitas leituras, tentando
juntar o injuntável, água/óleo, que passada suposta junção, continuam água e
óleo. Outras vezes, (63) tenta estabelecer elo entre o antes,/agora e quase o
faz, mas há o quase a interpor caminhos e chego à 84 onde o poema parece
encaminhar “A vida – tão presivível quanto incompleta,/precisa,/de vez em quando
um gol olímpico /ou de bicicleta”; “e vivemos atrás de pistas...” ser ou não
ser, esse sobe e desce de escada e que eu, pobre Hilda Mendonça, assombração de
meia-noite poderia achar ou não achar neste filosófico
caminhar deste paraibano arretado WJ Solha, a não ser que após a leitura a
gente se sente um cadim melhor neste instante de viver?!
Passos, Minas Gerais, tarde fria de setembro, 2013.
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