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terça-feira, 22 de outubro de 2013

Crônicas (Fernando Py)




Registram-se hoje dois volumes de crônicas do cearense Nilto Maciel. Como me tornei imortal (Fortaleza: Armazém da cultura, 2013) e Menos vivi do que fiei palavras: diários de literatura (Aparecida, SP: Editora Penalux, 2012). No primeiro livro, o autor, com cerca de quarenta anos de vida literária, fez uma seleção das crônicas que publicou em jornais e revistas nas quais se refere a nomes valiosos da literatura cearense em geral. São textos escritos com boa dose de humor, a partir mesmo da crônica inicial – que dá título ao volume. Neles, Maciel mais um a vez exibe seu conhecimento da literatura do Estado natal. Tanto se refere a nomes cearenses já conhecidos, quanto se reporta a nomes ainda à espera de consagração (como Luciano Bonfim e Clauder Arcanjo). De todos eles, Maciel traça um perfil carregado de humor e ironia, mas sempre com generosidade e interesse, juntamente de um rápido apanhado da obra deles. Com isso, faz uma espécie de revisão quase crítica da cultura de uma região, com sua multiplicidade de estilos e vozes. Pois, mais uma vez, verificamos que a literatura cearense está entre as melhores do Brasil, haja vista que chama a nossa atenção desde o nome de José de Alencar no século XIX. Evidentemente, o autor não cuidou de fazer a história da literatura cearense, mas em suas crônicas os escritores do Ceará aparecem com destaque, num conjunto tão bem urdido e harmonioso que quase parece um romance sobre as letras atuais desse Estado nordestino.

Diversamente do anterior, Menos vivi do que fiei palavras: diários de literatura mostra um Nilto Maciel que resolve falar de si mesmo, das suas vivências de leituras. Neste volume selecionou textos que pertencem (ou pertenceram) a uma espécie de diário. Desse diário, no entanto, manteve apenas a indicação dos anos em que escreveu tais textos. Embora também fale dos próprios livros, a maior parte dos escritos versa sobre suas leituras tanto de brasileiros como de estrangeiros. Assim, perpassam pelas páginas, entre outros, nomes como James Joyce, Rafael Alberti, Goethe, Oscar Wilde, Marguerite Yourcenar, etc, além de nosso Machado de Assis, Autran Dourado, Olavo Bilac, Adolfo Caminha, Guimarães Rosa e muitos, muitos mais. De todo modo, é um livro cuja leitura agrada e instrui, principalmente aos que estudam literatura.

(Tribuna de Petrópolis, 20/9/2013)

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