Registram-se hoje dois volumes de
crônicas do cearense Nilto Maciel. Como me tornei imortal (Fortaleza:
Armazém da cultura, 2013) e Menos vivi do que fiei palavras: diários de
literatura (Aparecida, SP: Editora Penalux, 2012). No primeiro livro,
o autor, com cerca de quarenta anos de vida literária, fez uma seleção das
crônicas que publicou em jornais e revistas nas quais se refere a nomes
valiosos da literatura cearense em geral. São textos escritos com boa dose de
humor, a partir mesmo da crônica inicial – que dá título ao volume. Neles,
Maciel mais um a vez exibe seu conhecimento da literatura do Estado natal.
Tanto se refere a nomes cearenses já conhecidos, quanto se reporta a nomes ainda
à espera de consagração (como Luciano Bonfim e Clauder Arcanjo). De todos eles,
Maciel traça um perfil carregado de humor e ironia, mas sempre com generosidade
e interesse, juntamente de um rápido apanhado da obra deles. Com isso, faz uma
espécie de revisão quase crítica da cultura de uma região, com sua
multiplicidade de estilos e vozes. Pois, mais uma vez, verificamos que a
literatura cearense está entre as melhores do Brasil, haja vista que chama a
nossa atenção desde o nome de José de Alencar no século XIX. Evidentemente, o
autor não cuidou de fazer a história da literatura cearense, mas em suas
crônicas os escritores do Ceará aparecem com destaque, num conjunto tão bem
urdido e harmonioso que quase parece um romance sobre as letras atuais desse
Estado nordestino.
Diversamente do anterior, Menos
vivi do que fiei palavras: diários de literatura mostra um Nilto
Maciel que resolve falar de si mesmo, das suas vivências de leituras. Neste
volume selecionou textos que pertencem (ou pertenceram) a uma espécie de
diário. Desse diário, no entanto, manteve apenas a indicação dos anos em que
escreveu tais textos. Embora também fale dos próprios livros, a maior parte dos
escritos versa sobre suas leituras tanto de brasileiros como de estrangeiros.
Assim, perpassam pelas páginas, entre outros, nomes como James Joyce, Rafael
Alberti, Goethe, Oscar Wilde, Marguerite Yourcenar, etc, além de nosso Machado
de Assis, Autran Dourado, Olavo Bilac, Adolfo Caminha, Guimarães Rosa e muitos,
muitos mais. De todo modo, é um livro cuja leitura agrada e instrui,
principalmente aos que estudam literatura.
(Tribuna de Petrópolis,
20/9/2013)
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