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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Desabitar (Pedro Du Bois)

















Sinta, senhora, na noite quente,
em abafado quarto, a brisa refrescante
pela janela aberta ao poente; esqueça,
senhora, da tarefa: sirva-se de chá
e aguarde o tempo necessário
ao aroma se afastar em reingresso.

Veja, senhora, com suas órbitas
desfocadas, o que resta da imagem
sobre a cama. Na quietude do dia
alvorecido, diga do consolo
dos que partem. Saiba, senhora,
em mãos despetaladas, do abandono
do corpo agora desabitado. 

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