O silêncio reinante a respeito de Sonetos de Bolso – Antologia Poética, organizada por Jarbas Júnior
e João Carlos Taveira (Thesaurus Editora – Brasília – 2013), me leva a redigir
estas notas, ainda que sem a pretensão de julgar o mérito dos poemas nela
reunidos.
Trata-se de um belo livro, executado com esmero, em
formato pequeno, tipo “pocket-book”, conforme sugere o próprio título. Reúne
trabalhos de quinze sonetistas, todos ligados à cidade de Brasília, onde
residem ou residiram. São eles: Anderson Braga Horta, Anderson de Araújo Horta,
Antonio Miranda, Antonio Temóteo dos Anjos Sobrinho, Fernando Mendes Viana,
Henriques do Cerro Azul, José Geraldo Pires de Mello, José Jeronymo Rivera,
José Peixoto Júnior, Luiz Carlos de Oliveira Cerqueira, Márcio Catunda, Maria
Braga Horta, Nilto Maciel, Romeu Jobim e Viriato Gaspar. Contém ainda
excelentes notas explicativas introdutórias e abas de autoria dos
organizadores. Segundo Taveira, a presença de uma única mulher se deve ao fato
de que as poetas planaltinas não costumam se dedicar ao soneto.
Dois autores me surpreenderam porque desconhecia sua
vis poética e, menos ainda, sua arte na composição de sonetos: José Peixoto
Júnior e Nilto Maciel. Como escreveu Jarbas Júnior, “Concebido na primeira
metade do século XII pelo engenhoso trovador siciliano Giácomo da Lentine, o
soneto passa à Itália, onde alcança notoriedade e chega aos cimos da glória com
Dante e Petrarca” (p. 9). Daí se expande por toda a Europa onde, “com Luís de
Camões esse esplêndido pequeno poema atinge o trono do Monte Parnaso, a
elegância simples da perfeição” (loc. cit.). No Brasil o poema metrificado
encontrou terreno fértil e tem sido praticado por inúmeros poetas. Nunca
desapareceu o gosto dos leitores de poesia pelo soneto e muitos de nossos
poetas se tornaram mestres no gênero.
Quanto aos sonetistas acima referidos, José Peixoto
Júnior, filho do Cariri Cearense, criado à sombra da Chapada do Araripe,
contribui com dez sonetos, todos bem realizados e surpreendentes, como “Castro
Alves, Filho de Brasília.” Nilto Maciel, meu velho amigo, é um escritor
prolífico e criativo. Também contribui com dez sonetos, dentre os quais destaco
“Oferenda”.
Todos os participantes da antologia são competentes e
inspirados sonetistas. Conheço a obra poética de vários deles, alguns de
consolidado renome no meio literário. Anderson Braga Horta, Henriques do Cerro
Azul, José Peixoto Júnior, Nilto Maciel eu os conheci em pessoa. Já José Jeronymo
Rivera, Márcio Catunda e o organizador João Carlos Taveira são ou foram
correspondentes. Como diria Monteiro Lobato, são amigos escritos.
Concluindo, penso que Sonetos de Bolso foi uma bela iniciativa. É um livro para se
carregar na algibeira e para ter sempre à mão, abrindo para uma leitura
naqueles momentos em que a alma pede poesia.
Mas o livro não pretende ser uma publicação isolada.
Os organizadores cogitam em dar continuidade, incluindo outras poetas. Como
escreveu Taveira, Sonetos de Bolso é apenas
um filete de água que pretende, um dia, transformar-se em córrego, em rio...”
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