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quarta-feira, 31 de julho de 2013
terça-feira, 30 de julho de 2013
Emprestar: dilema meu, seu ou nosso? (Tânia Du Bois)
“A vida é feita de indagações / e elas
realmente existem,/ por que será tantas opiniões / nunca jamais mudam,
persistem?” (Silmar Bohrer)
Qual a razão para emprestar algo que não queremos? E qual a receita para
devolver o que pegamos emprestado? Luis Câmara Cascudo diz que “Quem
empresta nem para si presta”.
segunda-feira, 29 de julho de 2013
domingo, 28 de julho de 2013
O chileno (Paulo Lima)
Vejam que coincidência.
Z anda para cima e para baixo com um Neruda debaixo do braço, está naquela fase
vulnerável, vinte, vinte e um anos, quando amor e rebeldia se transformam numa
química explosiva. Há pouco ou nada o que fazer na pensão em que Z vive. Tanto
pior. O efeito Neruda pode ser ainda mais devastador para uma situação assim.
sábado, 27 de julho de 2013
Observação (Mariel Reis)
A cuia de arroz
sobre a bancada.
Dois ou três
bilhetes rabiscados:
O primeiro é ao
vento com pés
Tão delicados
que não afundam
Sobre a coberta
esticada da cama;
O segundo é ao
calor de mãos cálidas
Tão tênue
quanto o vapor da chaleira
Com água em
efervescência para o chá;
E o terceiro é
à voz de corpo rarefeito
Tão diáfano
quanto a neblina suspensa
Sobre o topo da
montanha feito um chapéu.
Eles nada dizem
de especial sobre nada
É apenas um bom
exercício para as mãos
Manterem-se
ocupadas enquanto a mente
Penetra à
natureza em seus desvãos.
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sexta-feira, 26 de julho de 2013
quinta-feira, 25 de julho de 2013
"O rei chorou..." (Franklin Jorge)
(Thomas Mann)
De tudo quanto li em minha adolescência inquieta
e fatigada, nada terá marcado mais minha sensibilidade do que “Tonio Kroger”, a novela que me
descortinou o universo humano e literário de Thomas Mann. Faltava-me ainda,
porém, a necessária experiência para compreender certas coisas, mas, por
intuição, percebi que se tratava de uma obra que significativamente continha um
passado e um futuro e que o seu autor, laureado com o Prêmio Nobel de
Literatura, seria a partir de então um dos mestres secretos daquele jovem
idealista e ambicioso que sonhava em tornar-se, algum dia, um escritor.
quarta-feira, 24 de julho de 2013
Razão (Clauder Arcanjo)
“Não há
nada que esteja mais em moda hoje em dia do que ser fascista em nome da razão.” Raduan
Nassar, em Um copo de cólera
Na
sala grande, vigiada apenas pelo vira-lata Messias, Jovelina fiava a sua
solidão por entre os pontos do tricô. Os olhos na trama da peça, o pensamento
na rua.
Pontualmente,
à meia-noite, o ruído da chave na porta. Os passos fortes de Emetério, apesar
de tangidos pela pinga. “Troco você por um trago, Jovelina. Fique desde já ciente
disso!”; a frase pronunciada desde a longínqua lua-de-mel.
O
olhar voltado para o telhado alto, a luz da lua coada pelas telhas de vidro. E
a lembrança dos conselhos da família.
O
velho pai, rabugento e tirano nos limites da sua própria alcova, aconselhava-a:
“Deixe esse canalha, minha filha, em nome da razão!”
A
mãe, sempre encurvada pelo sofrer, sussurrava-lhe: “Esse homem não presta,
Jovelina. Tenha bom senso, volte para casa!”
As
amigas, solteironas, amargando as horas num infindável caritó, vociferavam: “Se
fosse eu, é lógico, a mala desse sem-vergonha estaria na porta da frente no fim
da primeira noite.”
Messias
espreguiça-se, rosna baixinho, faz um carinho nas pernas secas de Jovelina, e
ela se levanta. Sabia que Emetério lhe esperava; soltou os cabelos longos e
rumou para o quarto. “Troco você por um trago, Jovelina. Fique desde já ciente
disso!”
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