Translate
sábado, 31 de dezembro de 2011
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Filmes de Julien Duvivier (Guido Bilharinho)
Tecnalidade Artesanal
Desenvolvida de 1927 a 1967, é das mais longas a carreira cinematográfica de Julien Duvivier (França, 1896-1967). Nem por isso, com isso ou apesar disso, apresenta filmes consistentes ou criativos. Suas marcas relevantes são convencionalismo, linearidade e naturalismo, que significam absoluta submissão à estória, cingindo-se seu objetivo à narrativa de fatos e acontecimentos.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Os escritores (Franklin Jorge)
(Manuel Bandeira)
Disse Faulkner que um escritor, se for um bom escritor, será arrastado por demônios, perderá a paz, a decência, o orgulho, a honra, a felicidade e a segurança, desde que possa escrever, pois a arte não tem nada a ver com paz e alegria. A impiedade seria um dos atributos mais notáveis do escritor que se compraz em sua arte e se mantém, permanentemente, ocupado.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Busca-pé (Clauder Arcanjo)
Milho verde na panela, borbulhante. A semana toda, mestre Anísio a preparar o balão da festa (naquele tempo, não se falava em incêndios, somente na alegria dos céus com tão belo artefato). Na despensa, já prontos: o aluá, o bolo de milho, as broas, a canjica, a pamonha, e algumas novidades de Rita, escondidas sob guardanapos brancos, que só seriam reveladas na noite de São João. A surpresa anual da velha e boa cozinheira.
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Equilíbrio (Assis Coelho)
Soltou uma das muletas e a deixou obliquamente encostada. O equilíbrio, ou a falta desse, o perseguia. Quando este lhe fugia, os hematomas surgiam com vários formatos e cores. Há poucos dias, ao atravessar a pista da Praça do Relógio, um bêbado motorizado, no afã de chegar o mais rápido possível ao próximo bar, o atropelou. Na semana passada, pensando ter o equilíbrio de outrora, tentou pular o meio-fio rapidamente, não conseguiu. Antes de cair, ainda viu as muletas no ar e, antes do desmaio, ouviu o som estridente do carro em debandada. Agora, as pernas, cheias de metais e feridas, eram o seu ganha-pão. Aquela gosma e o inchaço lhe proporcionavam muitas moedas, principalmente aos domingos, nos degraus das igrejas, quando os fiéis se sentiam quase santos. Poucos lhe negavam a ajuda para a cachaça. Estava ali, se esforçando novamente para não cair e, ao mesmo tempo, levar a garrafa à boca. Como sempre, o equilíbrio lhe era fundamental. Não podia mais cair, pelo menos por enquanto. Já estava sujo demais e o fedor afastava alguns menos piedosos. Sua roupa continha um pouco de tudo: lama, graxa, óleo, restos de comida impregnada com fiapos de grama e outras pastas indecifráveis. Depois de um rápido e doloroso movimento, conseguiu o gole tão desejado. Tentou outro, mas previu que seria mais um desastre. Exercitanto, mais uma vez, o maldito e insubmisso equilíbrio, agora mais imperioso, conseguiu pegar a outra muleta. Com elas tinha a vã impressão de que não cairia. Por mais indesejáveis que fossem, elas o mantinham, de certo modo, firme. Impulsionavam-no para frente, com pequenos ensaios de voo, dando-lhe a ilusão do equilíbrio e certa superioridade em relação àqueles que tombavam. Seguia em frente, pensando na iminente parada para o próximo gole. O equilíbrio, mais do que nunca, era fundamental para seguir sua rota para um lugar definido, somente quando parasse sem forças para o corpo enfim equilibrar-se.
/////
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Viandante (Silmar Bohrer)
(Estradinha, Antonio Roque)
Vinte anos por estes caminhos
tenho tido então andado
caminhando assim sossegado
a ouvir os cantores passarinhos.
Cortejando o meu riozinho,
eu e as matas ciliares,
sempre juntos meus pensares,
não ando jamais sozinho.
Aquelas rimas estradeiras
são as fiéis companheiras
adornando alguns versos,
Sempre cantados com sutileza,
louvando a nossa mãe-natureza,
varando longes universos.
/////
sábado, 24 de dezembro de 2011
Sonhos do Natal e Ano Novo (Francisco Miguel de Moura)
Não se pense o Natal maior do que é:
Um dia, uma noite, uma festa ou a recordação.
Jesus chegou dois mil anos antes
Mas veio o Papai Noel atrapalhar.
Tudo é dinheiro,
Até o tempo que sofremos,
O dia branco e a noite só,
O minuto que amamos,
A eternidade que choramos
E a morte que nos leva.
Todo dia é um dia novo,
Não depende do Natal, nem da Missa do Galo,
Não depende da mudança do calendário.
Quando nele se pensa, já mudou,
Quando se vai ao banheiro, já mudou...
O tempo nos governa em altos juros
De suor, sangue e salário.
Natal, Ano Novo passaram e ninguém não viu...
Tudo é tão veloz!
– Antes de chegar, quem sabe o que novo?
Todos os sonhos morrem no seco,
Sem chegada, sem saída, sem beco.
Teresina, 23/12/2011
/////
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Passio (Emanuel Medeiros Vieira)
(Para o Fábio Vieira Heerdt)
(...) “E de moda em moda, ocupamos o tempo que, senhorio cruel, nos desaloja”.
(HP)
A) Aqui, irrompe o pranto
não a redenção.
B) Redigo o diário de bordo
(o mar é interior)
C) Preparo o inelutável ritual:
pronto está o farnel: água no cantil, pão de centeio.
(Folha de papel em branco, lápis, borracha.)
Retenho o cheiro de orvalho – caído numa manhã de infância.
D) Restaram empáfias, vaidades, simulacros, engenhocas eletrônicas.
E) Paixão vem do latim Passio.
A tradução é sofrimento?
F) O estoque de capital anunciado não me sacia.
G) Nada me sacia?
H) Navegador do Apocalipse?
I) O mar não me alcança – a juventude longe.
J) Luz para o caminho: uma vela só vale acesa.
(Brasília, maio de 2010, e Salvador, novembro de 2011)
/////
(...) “E de moda em moda, ocupamos o tempo que, senhorio cruel, nos desaloja”.
(HP)
A) Aqui, irrompe o pranto
não a redenção.
B) Redigo o diário de bordo
(o mar é interior)
C) Preparo o inelutável ritual:
pronto está o farnel: água no cantil, pão de centeio.
(Folha de papel em branco, lápis, borracha.)
Retenho o cheiro de orvalho – caído numa manhã de infância.
D) Restaram empáfias, vaidades, simulacros, engenhocas eletrônicas.
E) Paixão vem do latim Passio.
A tradução é sofrimento?
F) O estoque de capital anunciado não me sacia.
G) Nada me sacia?
H) Navegador do Apocalipse?
I) O mar não me alcança – a juventude longe.
J) Luz para o caminho: uma vela só vale acesa.
(Brasília, maio de 2010, e Salvador, novembro de 2011)
/////
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Braúna (W. J. Solha)
Li, dele, os contos de Como um cão que sonha a noite só e os versos de Metal sem Húmus. Sintonia, no entanto, é coisa de momento, de magia. Passei séculos para aceitar a Chacona de Bach, esmagado pela beleza imponente da Tocata e Fuga em Ré e da Paixão segundo São Mateus. Daí que o que me marcou mesmo, do cearense Dércio Braúna, foram os detalhes de A Selvagem Língua do Coração das Coisas. “Detalhes” no sentido usado em artes plásticas, em que pormenores de algumas obras encantam tanto ou mais que elas inteiras.
Parece que a propósito, o poeta diz, num dos poemas desse livro:
Deslumbrar de tudo
é que bem queria!
Mas o coração
(um bloco de pedra todo riscado com gritos)...
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Quando o Amor é de Graça IV: em nome do Pai! (Raymundo Netto)
Não há quem dê nego à importância do nome, esta designação oficial de nossa existência dita cuja, seja ela a mais vã impossível, atribuída seja por quem for, a nos acompanhar pela vida e à morte, falando de nós ou por nós como uma marca, às vezes como uma chaga. Um nome bem escolhido nos coloca à frente, principalmente quando inicial “a”, ou, ao contrário, nos diminui, quando feio, cacofônico, antiquado, com sentido dúbio ou estranho, fruto do engenho experimentalista dos pais. Há tantos nomes bonitos, fortes, significantes — em alguns países asiáticos realizam-se cerimônias dirigidas por sábios que “adivinham” a função de mundo daquele ser e a coloca em seu nome — mas na hora da escolha de um nome, os pais ou os enxeridos de plantão — os “pitaqueiros” — esquecem de atentar para a criaturinha que o levará às costas, às vezes, suportando o ridículo de uma predileção momentânea.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
domingo, 18 de dezembro de 2011
Hiroshima, meu amor (Guido Bilharinho)
A Memória Inconsolável
De tempos em tempos, alguns filmes causam impacto, introduzindo inovações formais, temas inexplorados ou perspectivas inusitadas no trato de assuntos já repisados por inúmeros artistas. Enfim, introduzem e praticam novas maneiras de fazer (forma) e de ver (significado) o cinema e a vida.
sábado, 17 de dezembro de 2011
O Tempo de Iluminadas Palavras (Tânia Du Bois)
“Na manhã iluminada de lembranças refila a cor do sentimento...” (Carlos Vogt) O tempo pede palavras de luz. O amor, a dúvida, a dor e a luz estão presentes no sentimento sobre a vida e a condição humana. Criamos a ilusão da luz por uma questão organizacional e vivemos em função do tempo. “As luzes acesas / as portas abertas / as janelas acesas / todas as coisas acesas. // Bem aceso o viver.” (Álvaro Pacheco) A luz atravessa o tempo e, ainda assim, permanece dentro de nós com real importância. O objetivo fundamental é preencher o vazio com a luz que encontramos na arte literária, como em Lindolf Bell: “Seja o poema/ o homem devorado pela luz...”; em Gilberto Mendonça Telles: “... E deve haver os sentidos latentes/ que vão dando luz/ às coisas ausentes.”; em Jorge Tufic: “... mas é o imenso/ que de mim/ se ilumina.”; e em Luiz de Miranda: “A vida traz a luz/ sem a penúria de perder/ o azul/ na avidez do corpo.”
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Maria e Paul (João Soares Neto)
Maria era a jovem venezuelana morena, encarregada da limpeza. Paul, quarentão descendente de irlandês, sardento, cuidava da segurança da empresa, que ocupava todo o andar. Há muito, estavam envolvidos e ninguém notava. Disfarçavam bem, nem olhavam um para o outro na frente de estranhos. Eram obrigados a chegar cedo. Ela, para fazer a limpeza dos banheiros, copa e salas, reabastecer as máquinas de fazer café e limpar as grandes janelas de vidro. Ele, para checar o equipamento de segurança, que o obrigava a seguir uma rotina de desligar os alarmes, acionados na noite anterior, e reprogramar as câmeras de vídeo para o dia de trabalho que começaria às dez horas. Eram senhores absolutos do andar por aquelas breves horas e corriam contra o relógio para terminar o trabalho e terem tempo de fazer o amor diário.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Sobre Os Guerreiros de Monte-mor (W. J. Solha)
(Escritor W. J. Solha)
Nilto, sempre vi que as pessoas consideram enorme elogio dizer a um autor que leram seu livro de uma sentada só. Pois bem. Li seu "Os Guerreiros de Monte-Mor" de uma só sentada. Como eu e você não conseguimos ler nada sem ir – ao mesmo tempo – fuçando pistas que nos levem ao mecanismo da obra, quando vi o nome de Amparo e soube que Antonio Cardoso "saía para trabalhar com (...) a cabeça coberta de borboletas", somei isso ao fato de que o romance vai buscar uma época primitiva do Ceará, como o Gabo fez na Colômbia, vi certa magia no ar, "grutas cheias de metais, sinos capazes de acordar os sertões, (...) instrumentos que atraíam chuvas e até armas para a guerra sertaneja que se avizinhava", tudo acrescido a um clima de guerra presente o tempo todo, tasquei: "Cem Anos de Solidão". Mas uma frase, já lá perto do final, "Nós somos é decifradores", adicionada a toda uma cultura aficionada aos Pares de França, Teodora, Magalona e assemelhados, me zumbiu: "Ariano Suassuna", "armorial", com a loucura de Quaderna e seus dois amigos igual à loucura da "Majestíssima Trindade" formada pelos três "revolucionários" de "Os Guerreiros de Monte-Mor", pelo que concluí: "O Romance da Pedra do Reino". A verdade, como Gabriel García Márquez já disse, é que estamos todos escrevendo o mesmo livro, Cada novo romance é sempre o acumulado do que já se fez até então e um passo à frente nessa categoria literária. Parece-me que sua grande contribuição com esse trabalho, Nilto, foi a de dar seu recado com mais fluência, em face da brevidade. Isso fez com que ele se aproximasse de uma parábola sobre a Revolução, tanto quanto se aproximou "A Revolução dos Bichos", do Orwell. Pois não é que, lá pelas tantas, seus exiguos três doidos me pareceram Lênin, Trótsky e Stálin armando a tomada do poder pelo "proletariado", mas descaradamente substituindo-o pelo que Vladímir Ulianov chamou de "revolucionários profissionais", mandando Marx às favas? E que tal a briga da Majestíssima Trindade pra ver quem fica no poder, enquanto na vida real Stálin manda matar Trótsky no México? Estarei demonstrando estar pirado, dizendo isso? Acho que não. Lá pelas tantas, José e Chicó perguntam ao João: "Estado, o que é estado?" Ridículo? Claro, é ridículo, mas Norberto Bobbio, em "Qual Socialismo?", diz que o grande problema da União Soviética foi que Lênin soube como chegar ao poder, mas não o que fazer dele. Conclusão? Nota 10, Nilto.
WJ Solha
/////A vida vista pelas margens (Adelto Gonçalves*)
(Patativa do Assaré)
I
Qual é o papel do intelectual na questão da exclusão das grandes massas do campo da cultura? Há legitimidade naquela literatura que procura representar os marginalizados, que estão afastados dos espaços sociais de produção discursiva e assim são sempre apresentados por meio de um olhar externo, de quem, bem posto da vida, procura se passar por um dos excluídos? É o que procuram discutir os 14 ensaios reunidos em Pelas margens: representação na narrativa brasileira contemporânea, de Regina Dalcastagnè e Paulo C. Thomaz, organizadores (Vinhedo-SP: Editora Horizonte, 2011).
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Vida longa (Ronaldo Monte)
As estatísticas não mentem. O IBGE afirma, em suas cabalísticas Tábuas Completas de Mortalidade, é que a expectativa de vida dos brasileiros cresceu em três meses e 22 dias. Vejam bem que vantagem. Em 2009, eu estava jurado para morrer com 73,17 anos. Em 2010, meu prazo de validade passou para 73,48 anos.
domingo, 11 de dezembro de 2011
sábado, 10 de dezembro de 2011
Posfácio de ouro* (Antenor Laurentino Ramos)
Li, gulosa e gostosamente, “Gente de Ouro”, mais um dos admiráveis livros de Franklin Jorge. Nunca vi alguém pra escrever tão bem assim!
Os seus personagens são verdadeiros, são de carne e osso. Quem não os conhece? Que descrição notável de tipos humanos, essa de Franklin! Estão bem pertinho de nós. Existem em todos os lugares e em todos os tempos. É verdadeira galeria.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Um escritor cearense mostra seus contos (Carlos de Souza)
(Tribuna do Norte, Natal, 7 de Dezembro de 2011)
Antes de mais nada, quero pedir desculpas aos leitores e ao poeta mossoroense Antonio Francisco, que teve o nome trocado na coluna anterior por Francisco José. O escritor Franklin Jorge me enviou este livro para dar uma olhada. Luz Vermelha Que Se Azula, de Nilto Maciel, Expressão Gráfica Editora, 212 páginas, sem preço definido. É um livro de contos que você vai folheando devagarinho e sendo fisgado pela prosa concisa deste cearense, praticamente desconhecido entre nós potiguares. Vivemos ilhados neste Nordeste sem porteiras. Outro dia comentei aqui W. J. Solha, o paulistano mais paraibano do Brasil. Agora é com prazer que comento aqui o livro deste nosso irmão cearense.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Bibliotecas (Tânia Du Bois)
Folheando a revista, li: “Bibliotecas não se restringem ao espaço em que se instala a coleção de livros... elas também se transformam em eficientes elementos decorativos...”
Essa sugestão é insensata, porque a criação de uma biblioteca predispõe deixar os livros expostos nas prateleiras, para facilitar o manuseio. O ideal é tê-los para lê-los e não para decorar o ambiente. Entretanto, por muitas vezes, ficamos reduzidos a ler e ouvir esse tipo de tragédia. É preferível transformar essa tragédia em suposto olhar, com profundidade, num passe de gestos e sentidos, onde historicamente permaneceria a alegria da leitura e o mistério das palavras, no hábito como fórmula simples e preciosa.
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Oito livros para encerrar 2011 (Nilto Maciel)
Entre a viagem ao Rio de Janeiro (7 e 8 de novembro) e os preparativos para o lançamento (1º de dezembro) de Os guerreiros de Monte-mor, recebi oito publicações: Terra de Nheçu (Florianópolis: LEDIX, 2009), de Nelson Hoffmann; As joias da coroa (São Paulo: Tordesilhas, 2011), de Álvaro Cardoso Gomes; Ao som do realejo: narrativas profanas (Florianópolis: Nauemblu Ciência & Arte, 2008), de Péricles Prade; O pequeno Hércules e outras fábulas contemporâneas (Fortaleza: Armazém da Cultura, 2011), de Simone Pessoa; e quatro do poeta Luís Augusto Cassas: A ceia sagrada de Míriam (2010), A mulher que matou Ana Paula Usher (2008), Evangelho dos peixes para a ceia de aquário (2008) e O filho pródigo: um poema de luz e sombra (2008), todos da Editora Imago, São Paulo.
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Ela me tratava tão bem (Assis Coelho)
Aqui estou novamente sobre esse sofá macio e cheiroso depois de longo tempo vagando pelas ruas. Ainda fica mais gostoso quando me encosto no colo farto de Zuleica, a gorda, não a cabeleireira, magricela que me expulsou de seu salão por achar que eu afugentava seus clientes. Não entendi, sempre tive fama de bom companheiro. Voltei para as ruas.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Barracão (Clauder Arcanjo)
Na calçada, a poça fétida de lama. Como porta, um madeirite velho; resto da obra da nova catedral.
Desde a entrada, chão batido. E o luxo de uma cadeira de balanço usada, picadeiro das aranhas, e dois tamboretes desconjuntados.
No mais, apenas outro cômodo: quarto, cozinha, despensa e banheiro. Quatro em um. Integração de espaço e pobreza. Sobre o fogareiro, um bule de café frio, borra da semana. Nas prateleiras tortas: sal, meio quilo de açúcar e duas latas esperançosas por feijão e farinha.
domingo, 4 de dezembro de 2011
sábado, 3 de dezembro de 2011
O sertão kafkiano de Pedro Salgueiro (“Inimigos”) (Alfredo Monte)
(Pedro Salgueiro)
“Foi assim de repente, quando menos se esperava (em plena tarde morna) o sol tornou-se pálido, para sumir logo em seguida. O povo ainda não havia acabado de se assustar—ouvimos no meio da escuridão um bater de asas atravessando o vilarejo, como se um bando de pássaros saísse em revoada. Um pouco antes de os moradores da vila abandonarem suas casas em grande alvoroço, os bichos já alarmavam o acontecido: galinhas cacarejavam, galos cantavam em desespero, porcos fugiam pelas ruas atropelando as pessoas…
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Príapo perdido no sumidouro do desejo (Nelson Patriota)
Se tempo e espaço são elementos indissociáveis do romance, elementos subsidiários como a metáfora e o aforismo podem às vezes ocupar as colocações mais importantes de uma narrativa estendida, como prova esse "Libido aos pedaços", do cearense Carlos Trigueiro, e que chegou às livrarias natalenses em setembro último. O livro é o segundo volume da "Trilogia da Confissão", iniciada com "Confissões de um Anjo da Guarda" (2008), mas pode ser lido independentemente desse último, com o qual guarda em comum apenas o pendor confessional dos personagens.
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Os guerreiros de Nilto Maciel (Flávio Paiva)
caderno3@diariodonordeste.com.br Diário do Nordeste, Fortaleza, 1º/dez/2011
Quem passa desavisado por Baturité nem imagina que aquela cidade do maciço poderia nem existir, caso no tempo em que, na ficção do escritor Nilto Maciel, 66, ela ainda era vila, tivesse sido destruída pela revolução nativista sonhada pelo anti-herói protagonista do livro "Os guerreiros de Monte-mor" (Armazém da Cultura, 2011), que será lançado hoje, às 19 horas, na Livraria Cultura, em Fortaleza. A primeira edição dessa novela alegórica cearense foi publicada em 1988, pela editora Contexto, de São Paulo.
Assinar:
Postagens (Atom)
TODOS OS POSTS
Poemas
(615)
Contos
(443)
Crônicas
(421)
Artigos
(371)
Resenhas
(186)
Comentários curtos
(81)
Variedades
(59)
Ensaios
(47)
Divulgações
(26)
Entrevistas
(24)
Depoimentos
(15)
Cartas
(12)
Minicontos
(12)
Prefácios
(9)
Prosa poética
(7)
Aforismos
(6)
Enquete
(6)
Diário
(5)
Epigramas
(4)
Biografias
(2)
Memórias
(2)
Reportagem
(2)
Aviso
(1)
Cordel
(1)
Diálogos
(1)
Nota
(1)
TEXTOS EM HOMENAGEM AO ESCRITOR NILTO MACIEL
(1)
Vídeos
(1)
Áudios
(1)