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sábado, 31 de março de 2012

Tempo (Emanuel Medeiros Vieira)


 
“O mal não está em que a vida promete largo e dá estreito: o mal é que ela sempre dá e depois tira.” (Juan Carlos Onetti)

“Me colocaram no tempo, me puseram
uma alma viva e um corpo desconjuntado.
Estou
limitado ao norte pelos sentidos, ao sul
pelo medo,
a leste pelo Apostolo São Paulo, a oeste pela linha educação.” (...)
(Murilo Mendes)

sexta-feira, 30 de março de 2012

Paisagem (Carlos Nóbrega)




Cliquei minha yashica.
Fiz uma foto
triste e chique
da tua ausência
entre pinheiros.

* * *

quinta-feira, 29 de março de 2012

Dicke: a reparação de uma injustiça literária (Adelto Gonçalves*)




I

Em algum lugar, este articulista já escreveu – e repete-o agora – que, daqui a cem anos, o historiador literário que pretender traçar um inventário da melhor literatura produzida no Brasil na segunda metade do século XX e nas primeiras décadas do século XXI não poderá se limitar a consultar as listas dos livros mais vendidos das revistas semanais nem os catálogos das grandes editoras.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Paradeiro* (Geovane Fernandes)



Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia. João Guimarães Rosa

Era um homem de uma demora nos modos, não mais que distração. Acordava tarde, eis que nas noites se ocupava de sua existência surpreendida numa cama. Deitava-se qual uma sobra da vida, um extra do dia. E vivia mais à noite; era vasta a vida de uma só vez, a expansão das pálpebras teimosas, resistentes e vigilantes.

terça-feira, 27 de março de 2012

Quatro epigramas (Hilton Valeriano*)


(Ariadne e Bacco, do pintor neoclássico Antoine-Jean Gros)

Marta, para todas as horas possíveis o amor.
Assim o ciclo remissivo das estações
traz à primavera a esperança em flor.


*
Marta, preciso é o tempo a recobrar sua lição.
Assim a complacência dos gestos e sua missiva.
Circunscrito no horizonte da palavra
o amor é mais que uma definição.


*
Marta, assim principia o amor:
Inelutável como a aurora,
a luz do Criador.


*
Semeiam as vagas a inconstância e o porvir.
Pranteiam as flores o efêmero jardim.
Porém, com vagos e remotos sonhos,
celebram, os insanos, a glória de serem humanos.

____________
*Hilton Valeriano. Professor de filosofia na Rede Pública de Ensino do Estado de São Paulo. Editor do blog Poesia Diversa (www.poesiadiversidade.blogspot.com), com poemas publicados em revistas como Zunái, Germina, Sibila, Jornal de Poesia, Diversos-afins.

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segunda-feira, 26 de março de 2012

Entre o épico e o thriller (Henrique Marques-Samyn)




Já pela referência tolstoiana em seu título, Arkáditch cria uma expectativa: de que será um livro sobre livros − o que não é necessariamente ruim, uma vez que a literatura sobre literatura sempre foi praticada (essa é, aliás, uma dimensão constitutiva de toda obra literária, ainda que nem todos os autores o explicitem; entre os que tentaram ocultá-la, talvez os mais radicais tenham sido os neo-realistas do princípio do século XX). Não obstante, a expectativa criada por W. J. Solha é desfeita já nas primeiras páginas do romance, em que assoma um turbilhão de referências concretas, configurando o âmbito em que se situa a narrativa (João Pessoa) e denunciando a proposta de se compor não uma ficção sobre a ficção, mas sobre os liames entre a literatura e a vida, com larga vantagem para a última. O texto de orelha, aliás, cuida de enfatizar que “o autor criou personagens em que se serviu de várias experiências vividas por ele mesmo”, arrolando exemplos: Zé Medeiros, o protagonista, tem um filho presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba, instituição da qual o próprio Solha foi um dos diretores, na década de 1980; Solha tem um filho baixista, enquanto Zé Medeiros tem uma filha cellista, e assim por diante.

domingo, 25 de março de 2012

O sangue de um poeta (Guido Bilharinho*)

A transgressão do real



Em geral, tanto o leitor como o espectador querem usufruir de uma estória, em livro, filme ou peça teatral. Não uma estória qualquer, mas, a que se submeta, quanto à forma, à narração convencional e comportada e, no que tange ao conteúdo, à linearidade e superficialidade que a recheiem com aspectos espetaculosos, intrigantes, superficiais.

sábado, 24 de março de 2012

Olho o poema (Teresinka Pereira*)

Como destravar o poema olho-poema, poemolho?
Francisco Miguel de Moura




Olho o que temo
iluminando o meu desatino:
um poema transformado
na mão que oferece
no rosto que aparece
no jovem que se foi...


sexta-feira, 23 de março de 2012

Palavras (mal) ditas (Tânia Du Bois)




Um mundo pontuado por informações instantâneas me faz pensar na articulação intelectual e oratória, e me remete ao valor da palavra (mal)dita das histórias narradas pela televisão. Pulando os canais de TV entre um jornal e outro, ouço descrições absurdas, como nessas frases: “Morreu o maior escritor português vivo”; “... vai ajudar a divulgação internacional, lá fora”; “Movimentos, balanços movimentados”; “Os médicos interessados devem ter registro médico”; “A bola saiu para fora”; “A notícia saiu no jornal local daqui”.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Versos de um domingo (Silmar Bohrer)



E canta, e canta, e(n)canta
a corruíra o dia inteiro,
vai animando o terreiro
com sua maviosa garganta.


quarta-feira, 21 de março de 2012

A crueldade de Anita e os dragões de Wilson Gorj (Nilto Maciel)




Depois de receber admoestações de amigos e leitores desconhecidos, decidi dar um castigo à minha pupila Anita Sabóia. Pela segunda vez, ela me indispôs com parte da inteligência brasileira. Primeiramente com os comentários deselegantes à coleção de crônicas A mulher dos sapatos vermelhos, de Carlos Herculano Lopes, e, mais recentemente, com o massacre ao romance O senhor Irineu, do jovem Daniel Coutinho. Revelei, por telefone, o mal-estar sofrido, há algum tempo, por ser acusado de crítico ranzinza, exigente, e de “coiteiro de raparigas analfabetas” (assim salientou um leitor muito erudito). Tão cedo não lhe daria ouvidos ou não reproduziria mais suas opiniões em minhas crônicas. E, para tornar a vingança próxima da crueldade mais sádica, emprestei o novo conjunto de minicontos de Wilson Gorj, Histórias para ninar dragões, a uma desafeta de Anita, a pequena e doce Manoela Ximenes, também estudante de letras.

terça-feira, 20 de março de 2012

Mensagem (Ronaldo Monte)




A poesia navega à deriva pelas águas turvas do mundo, como uma garrafa com uma mensagem náufraga em seu bojo. O hobby de Clint Buffing, professor de inglês no estado americano de Kentucky, é procurar e colecionar mensagens em garrafas e tentar encontrar seus remetentes e destinatários. Uma espécie de carteiro do improvável.

Paula Pierce, dona do hotel Beachcomber, na cidade costeira de Hampton Beach, em New Hampshire foi procurada por um repórter do jornal local que lhe falou de um certo professor de inglês que havia encontrado uma mensagem que certamente seria do seu interesse.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Entreventos (Clodomir Monteiro)



quatorze mais catorze vinte e oito
hoje é dia de biscoito
ainda não comi nenhum

com mais sete vinte e hum
poe mão do zum mais zum
dia poesia dum dum dum

através celebraremos
um dos dias de poesia
coça aqui cossaco lá

dio acabei desfazer um

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domingo, 18 de março de 2012

Quando o Amor é de Graça X: A Dor que Alivia (Raymundo Netto)



Noite alta num bar em fuzilo de chuva, recente e jovem amigo chegou a chorar de bêbado a dor pela perda da “noiva”, namorada eterna, maior amor de toda sua (curtíssima) vida, desde os 18 aos atuais 25 anos.

Assistindo ao choro, percebia-lhe a lágrima sincera a salgar os enegrecidos coraçõezinhos flechados pelo espeto insensível de churrasqueiro. Respeitando sua dor e dela não compartilhando — meus sofrimentos são bastantes para mim —, aboletou-me à cabeça, sei lá o porquê, a lembrança de um primeiro cheque devolvido. Na época, como ele, era muito jovem para entender a perecibilidade dos sentimentos indesejosos, e cria ser aquilo de injustiça tamanha, “logo eu”, homem correto, honesto, trabalhador, no começo da vida, por um descuido do sistema financeiro, ser vitimado pelo atesto em carimbos de incompetência. Não sabia ainda que pessoas assim são merecedoras (e carentes) mesmo de tais adversidades. Pois sim, o primeiro me voltou como beliscão no orgulho. Em seguida, mesmo mês, mais oito se numeraram àquele, até brilhar-me ante a manhã a notícia esparsa de que parecia ter acontecido uma outra vez... Ora, e daí? Devo não nego, pagarei quando puder e pronto! E paguei, sim, por nunca me gostar do dinheiro alheio. Nunca mais tal coisa me foi de sofrimento e, talvez, por isso nunca mais me aconteceu. Quando todas as dores do mundo parecem encontrar aconchego em nosso peito, tudo se torna mais fácil, calejada a alma, rimos até diante dos pequenos padecimentos.

sábado, 17 de março de 2012

Gritos (Pedro Du Bois)




(Quadro de DAD, publicado no blog oespiritodasaguas.blogspot.com.br)

Visito a passagem
perdida em curvas
inelásticas no caminho
unificado
dos seguimentos
o destroçar das oportunidades
fechadas aos descobrimentos.
Repito o grito
agudo
repito o grito
grave
repito o grito
grato
curvas sucessivas desencontram
o apressado e me arremessam
à frente em gritos futuros.
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sexta-feira, 16 de março de 2012

Uma questão de física (João Soares Neto)



É claro que houve planejamento estratégico. Tudo aprendido em cursos realizados nos Estados Unidos. Tinha valido a pena. Era hora de colocar em prática, exato contra a pregação dos professores.

Eram homens de formação conservadora muçulmana, fundamentalista, mas eram jovens com capacidade de aprender, dissimular e viviam um ideal. Aprenderam a língua, os costumes, o jeito de vestir e viver, mexer com aviões, apreciar e, ambiguamente, desapreciar a liberdade de cada pessoa daquele país e não descuidar de seus propósitos. Iriam vingar os seus irmãos.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Dizeres (Inocêncio de Melo Filho)



O que cabe a mim?
O que cabe a ti?
Nos distanciamos com essas indagações
Ouço sua voz distante
Tecendo respostas para nós
Meu silêncio lhe alcança
E se rende aos seus dizeres.


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quarta-feira, 14 de março de 2012

A cidade desabafa (Enéas Athanázio)

Transcrito de Página 3 [Camboriú, Santa Catarina, 18 de fevereiro de 2012]



Escrever o romance de uma cidade através de entrevistas, se não é inédito e, pelo menos, incomum. Procurar pessoas dos mais diversos ofícios, costumes e formação e delas arrancar, sem qualquer forma de censura, o que pensam de bem ou de mal e tudo quanto lembram do passado, recente ou remoto, de uma cidade, eis uma tarefa que me parece das mais complicadas. É preciso vencer a resistência de algumas e superar o receio que outras tenham de se manifestar sem o temor de represálias ou ressentimentos.

terça-feira, 13 de março de 2012

A erva boa de Roberto Pontes (Nilto Maciel)

(Poeta Roberto Pontes)


Há muito e muito tempo, numa cidade perdida nos confins dos trópicos, fui convidado por um louco a conhecer um amigo dele. Naquele tempo, eu me entusiasmava com ‘a divina loucura humana’, de que falava José Alcides Pinto, o mais doido dos poetas que conheci. Talvez fosse o ano de 1975. Encontramo-nos, eu e meu camarada maluco, num prisco largo, antes chamado de Feira Nova. Tem certeza de que quer conhecer o bardo? Tenho. Então vamos. E fomos. O tal menestrel nos recebeu com sorrisos, água gelada, palavras amigas e livros. E de seu escritório saí com um exemplar de Lições de espaço: Teletipos, Módulos & Quânticas, edição de 1971.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Dog “Dog days are over” (Emanuel Medeiros Vieira)



Para Célia
Em memória de meus pais
Em memória de Ivan Moreira da Silva, de Márcio Palis Horta e de Ronaldo Paixão Ribeiro


Os dias de cão acabaram?

Os demônios continuam perambulando por aí?
(Entre pássaros, o sol, pessoas indo e vindo?)
Mais sutis.
Não há mais medo – dessacralizado mundo.

domingo, 11 de março de 2012

Aluno aplicado (Carlos Nóbrega)



Vem lá a vendedora de doces
com tudo em torno
e em cima dela escasso:
sua figura um pouco mais que um traço
seus olhos feitos de indiferença e cobre.
Atrás dela,
bem alerta e à espreita
vai seu menino, aprendiz de pobre.
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sábado, 10 de março de 2012

Lima Barreto e o refúgio dos infelizes (Adelto Gonçalves*)



(Lima Barreto)

I

Não se pode dizer que a reedição de Clara dos Anjos, de Lima Barreto (1881-1922), que narra as desventuras de uma adolescente pobre e mulata, filha de um carteiro, seduzida por um malandro branco, apesar das cautelas familiares, seja uma boa oportunidade para se reavaliar o conceito emitido por antigos críticos segundo o qual este romance que não estaria à altura da melhor produção de seu autor. Não está mesmo. Se não constitui um romance de todo falhado, a verdade é que, se comparado com os de Machado de Assis (1839-1908), cujas origens sociais são idênticas às de Lima Barreto, este livro deixa a desejar em alguns aspectos, inclusive, em certa pobreza vocabular, ainda que seja fundamental conhecê-lo para se entender a grandeza de toda a obra do autor.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Entrevista com o romancista Carlos Trigueiro (Hilton Valeriano)

(Originalmente publicado em www.poesiadiversidade.blogspot.com)

(Escritor Carlos Trigueiro)

1 – Quando ocorreu seu contato inicial com a literatura? Quais são suas influências literárias e quais escritores contemporâneos você destacaria na cena atual da literatura brasileira?

CT: Meu pai era Mestre de Banda Militar e, quando em casa, costumava cantarolar marchas, canções e dobrados. Versos musicados de Catulo da Paixão Cearense, Olavo Bilac, Evaristo da Veiga, dentre outros, embalaram meu sono e meus sonhos nas redes daquela Manaus do segundo pós-guerra. Por outro lado, minha mãe, nascida e criada à beira de rios e igarapés no interior do Amazonas, costumava recitar, durante as suas fainas domésticas, poemas que exaltavam a vida dos caboclos ribeirinhos e os mistérios e encantos da floresta. Versos do poeta regional, Hemetério Cabrinha, ficaram para sempre na minha memória. Mas a centelha que deflagrou o meu entusiasmo pela literatura foi o prêmio escolar que ganhei aos 10 anos de idade, já vivendo em Fortaleza, Ceará: As aventuras de Tom Sawyer – de Mark Twain – o primeiro livro de ficção que eu li – e também a minha primeira paixão literária.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Vide sobre águas de março (Clodomir Monteiro)



(Mulher deitada, Di Cavalcanti)

seu tronco sustenta filhos de amores
acasos sabores outras auroras
torcidos perfeitos tecidos vivos


quarta-feira, 7 de março de 2012

Um botão chamado Moésio (Batista de Lima)



Esse podia ser o título desse livro de Nilto Maciel, que terminou por ser titulado de "Luz vermelha que se azula". Isso porque esse é o título de um dos contos e como título ele se apresenta mais carismático do que outro qualquer. É importante, no entanto, saber que esse seu livro foi ganhador do "Prêmio Moreira Campos", e aparece editado, em 2011, pela Expressão Gráfica Editora, com 216 páginas.

terça-feira, 6 de março de 2012

A beleza d'Os campos noturnos do coração (W. J. Solha)



Marília Arnaud vem marcando cada vez maior presença na literatura brasileira contemporânea com seus belos contos. Ganhou o Prêmio Novos Autores Paraibanos – da UFPb – em 1997, com “Os Campos Noturnos do Coração”, colecionou elogios com “O Livro dos Afetos”, editado pela 7letras em 2005, e participou de coletâneas nacionais importantíssimas, já em 2006, como a de “Contos Cruéis”, da Geração Editorial, e “30 Mulheres que Estão Fazendo a Nova Literatura Brasileira", da Editora Record. Paula Barcellos, em artigo recente no Jornal do Brasil, destacou a presença de nossa autora dentro do volume – a ser lançado em julho pela Garamond – de estórias curtas criadas pelos maiores nomes do ramo no país, numa grande homenagem de Rinaldo de Fernandes aos 60 anos do “Sagarana”, do Guimarães Rosa.

segunda-feira, 5 de março de 2012

A noite (Teresinka Pereira)


 
Todos falamos do tempo
e queremos nos esquecer
que a madrugada
é irreversível.


Quem sabe se o verso
que desconhece o calendário
e ignora o tique-taque do relógio
pode desafiar a noite
e transpor a viagem dos dias
sem medo da escuridão,
sem medo do pecado,
certificando-se em cada minuto
que vivemos o escolhido
e único paraíso do amor?

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domingo, 4 de março de 2012

A pungência do real (Henrique Marques-Samyn)




No prefácio a Intramuros, cuja primeira edição foi publicada em 1998, Fausto Cunha reconhece na obra um livro de maturidade, em que se equilibram duas linhas presentes desde sempre na poesia de Astrid Cabral, já anteriormente rastreadas por Lélia Coelho Frota: “a fenomenologia do mundo real e o conhecimento dos arquétipos”. Com efeito, a partir da síntese dessas duas modalidades cognitivas, Astrid Cabral foi capaz de elaborar uma poética inconfundível, cuja postura perante o mundo sempre opera conciliando a intuição e a sensibilidade; quando a isso se soma a elevadíssima qualidade formal de sua poesia, torna-se facilmente compreensível o lugar de destaque por ela já assegurado entre os grandes nomes da poesia brasileira.

sábado, 3 de março de 2012

Três filmes de Jacques Becker - O Artista e a Rês (Guido Bilharinho*)



Os filmes Amores de Apache (Casque d’Or, 1952), As Aventuras de Arsène Lupin (Les Aventures d’Arsène Lupin, 1956) e Os Amantes de Montparnasse (Montparnasse 19, 1958), de Jacques Becker (1906-1960), não obstante as qualidades, principalmente do último, não estão entre os melhores que realizou. O segundo deles certamente inclui-se entre os piores.

sexta-feira, 2 de março de 2012

O senhor Irineu, Anita Sabóia e eu (Nilto Maciel)



Li O senhor Irineu, romance de Daniel Coutinho, em seis ou sete dias. E me prometi uma resenha dele. O título poderia ser “O julgamento do senhor Irineu”. Matutava isso, sem vontade de iniciar outra leitura, quando resolvi ler as mensagens novas enviadas para o meu endereço virtual. Deletei as dez primeiras e, por pouco, não mandei para o lixo a de Anita. Foi apenas distração. Como quando joguei ao cesto do lixo uns contos de um conterrâneo. Já me perguntaram: Você não tem medo de cometer loucuras, com essa distração toda? Tenho, sim. Porém, um anjo (que não deve ser torto) me acompanha e me afasta dos extremos, como suicídio (ingestão de veneno para ratos) ou matança (com o carro) de crianças na calçada. Tenho tido muita sorte, muita ajuda ou muito juízo.