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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Só depois (Ronaldo Monte)




Primeiro, é o tempo do trauma. A compreensão vem só depois. Estamos todos traumatizados com a tragédia do Realengo. É impossível para todos nós compreender o que leva um homem a invadir uma escola e atirar a esmo, matando e ferindo crianças e adolescentes. É doloroso assistir pela televisão o drama das mães, colegas e professores das vítimas, todos atônitos, como nós, frente à brutalidade do acontecimento.

Amado Jorge (Emanuel Medeiros Vieira)


(Jorge Amado)

Em 2012, comemora-se o centenário de nascimento do escritor Jorge Amado (1912-2001). Muito já se falou sobre ele e sobre a data. Serei breve. Quero reportar-me às tradições baianas, que são o alimento principal das narrativas de Jorge. Como observou Luna Almeida, o culto dos orixás, a descrição das festas, danças, vestimentas e saudações do candomblé estão presentes nos seus livros, desde o instante em que ele foi iniciado na religião. Detinha de Xangô acredita que Jorge foi um dos grandes representantes do candomblé em todo o mundo.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Confluentes (Silmar Bohrer)




Passageiros da imensa
roda-gigante
dos anos
subimos girando
girando descemos
transeuntes do tempo
pelas rotas da vida.
(Velas) singrando
mares bravios
águas revoltas
ziguezagues
ligeiros
somos todos
uma só correnteza
um mesmo rio
correndo
para o desconhecido
mar (in) finito

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Enigma Du Bois (W. J. Solha)



Brevidades (Passo Fundo, 2012), de Pedro Du Bois, é um livro cifrado, aparentemente obscuro. Minha primeira reação ante seus poemas foi a de supô-los resultado de um retorno ao dadaísmo, conforme esta receita de Tristan Tzara:

Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Memória (Pedro Du Bois)




Pelo vão da porta
insiro a memória
cobro pela entrega
o gesto
desprendido do envelope
sob a porta
envelopo a série
e na espera tenho
a sequência mnemônica
dos atrasos
a companhia alarma a casa
e sobre o assoalho
repousa a prova na memória
avivada dos extremos.

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Pleonástico (Inocêncio de Melo Filho)



Vou me guardar em mim
Pois já sei o que é sofrer
Serei minha própria companhia
Até o tempo se esgotar fora de mim.

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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Escritores criativos, imitadores, aprendizes, iludidos (Nilto Maciel)


(Moulin de la Galette, Toulouse-Lautrec)

No Ceará (e no resto do Brasil) surgiu um enxame de escritores neste começo de século XXI. E isto é excelente. Para os donos das gráficas, sobretudo. Aparecem todo dia poetas, contistas, cronistas, romancistas de todos os tipos. Recebo livros deles a cada tarde. Muitos se acreditam homens de letras, simplesmente porque aprontaram um livro, saíram vencedores em concurso, tiveram obra aprovada em edital e, munidos de uns reais, a publicaram. Quase todos desconhecem as normas gramaticais. Acham-nas estapafúrdias, obsoletas, dispensáveis. E, mesmo com o revisor gramatical à disposição de leigos e doutores, em qualquer computador, ainda assim só conseguem garatujar anotações como macacos amestrados. Zombam de quem os critica: “Não existe erro. Tudo está certo. São as peculiaridades de cada um”.

domingo, 27 de maio de 2012

Três poemas (Mariel Reis)


I


Os anjos são espiões
Habitando as estrelas...
Ó criatura tão perfeita
Que provoca o ciúme celestial,
Por que não lhes pede um par de asas
E vai morar com eles no céu?

sábado, 26 de maio de 2012

Perguntas sobre o amor (Tânia Du Bois)


Vale o amor. Vale amar para sentir o vento, a paisagem e ver as cores da natureza e, assim, comprovar que temos mais do que o jardim da casa; que amar e ser amado faz-nos sentir inspirados.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Linguajar (Carlos Nóbrega)



Palavras são bichinhos engraçados
que pulam de qualquer jeito
da boca dos matutos.
Camaleões . . .
Sim, parecem camaleões falados,
com outra cor, bem viva:
Solonópole, eles dizem Sonolope
E o lugar fica tão lindo de se ouvir.

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Os escritores e a crítica - 4 (Franklin Jorge)


(Michel de Montaigne)

 
Montaigne perde as estribeiras e desacata o seu costumeiro racionalismo quando se detém sobre a produção literária do seu tempo, em grande parte semelhante ao que se faz em nossa época dominada pelo império das aparências. Por isso, reivindicou uma polícia para as letras que fosse capaz de coibir os excessos de autores sem distinção intelectual, meros compiladores da obra alheia e de anedotários, como vemos entre nós uma caterva de escrevinhadores vaidosos e medíocres assaltando o livro e o jornal e neles imprimindo com impudor, como triunfadores, suas abusadas ejaculações precoces.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Coisas Engraçadas de Não se Rir XVI: Amulherada (Raymundo Netto)




Mulheres são assim: com elas ninguém pode, mesmo sem o propalado bigode, ou buço, para não me começar mal. Em tudo são elas melhores que o homem, até na conquista do afeto de mulheres. Ora, se elas as ouvem mais, choram com elas, entregam-se por inteiro, trocam peças de roupas e, com sorte, não deixam as cuecas no chão nem participam de peladas com os amigos.

O cerrado vive em mim, de Emerson Vaz Borges (João Carlos Taveira*)



A poesia de Emerson Vaz Borges, pelo cenário que descortina e pelos temas que apresenta, pode lembrar em uma primeira leitura o universo do poeta mato-grossense Manoel de Barros. Depois, entretanto, o leitor é conduzido para outras paragens menos minimalistas. Emerson procura contato com paisagens e personagens de um mundo em expansão, enquanto Manoel de Barros se detém num terreno típico de ciscos e gravetos — microuniverso que o olhar humano, muita vez, não alcança. São ambos poetas do Centro-Oeste brasileiro, mas com suas temáticas distintas e equidistantes no reino das palavras.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Epigramas (Hilton Valeriano)



Sabe-se do amor a ênfase ao corpo
quando o critério é sexo sem decoro.
***
Clame à cama os louvores de Eros.
Não leve à cama os torpores do tédio.
***
Faz da cama o altar da libido
quem à Eros dá ouvido.

_________
Hilton Valeriano. Professor de filosofia na Rede Pública de Ensino do Estado de São Paulo. Editor do blog Poesia Diversa (www.poesiadiversidade.blogspot.com), com poemas publicados em revistas como Zunái, Germina, Sibila, Jornal de Poesia, Diversos-afins.

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Dois poemas (Inocêncio de Melo Filho)



Em companhia I



Agora estou só
E a voz de Chico Buarque
Invade meu silêncio
Com sílabas, versos e canções
Olho à minha volta
Ouço a voz de Chico Buarque
Dentro de mim
Abro a boca
Não consigo cantar
Estou só em silêncio
Com muito barulho
No meu ser.


Em companhia II


Agora chove
Estou só com a voz de Chico Buarque
Que se eleva aos céus
Misturando-se à chuva que cai
Forte no meu telhado
Bordando-o de sílabas cantantes
Que se vão
Seguindo o caminho do mar.
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quarta-feira, 16 de maio de 2012

Um mundo para João (Ronaldo Monte)



João nasceu em plena noite do domingo de carnaval. Chegou saudado pelos tambores dos maracatus do Recife, dos afoxés da Bahia e das escolas do Rio. Nasceu imerso na folia sazonal que assola este País, quando uma amnésia coletiva empurra nossas eternas mazelas para o mês de março. João nasceu num momento em que uma euforia mal-fundada comemora a maioridade econômica do País, elevado à sexta economia do mundo. E aqui começam os problemas de João.

terça-feira, 15 de maio de 2012

O que significa talento? (Nilto Maciel)



(James Joyce)

Em literatura (e nas demais artes) há os imitadores. Não sabem (não conseguem) ir além dos modelos. Há também os que nem isso conseguem, mas insistem nessa labuta de sísifo. Alguns deles estão em jornais e revistas, academias, catálogos de editoras, nos festins, nas congratulações. Arremedam os descobridores, os inventores e os próprios copiadores. Não vão além dos modelos, dos moldes. São conformados. Aceitam tudo como destino. Reverenciam, sorridentes, a seleção natural, a evolução das espécies, a reprodução. Se são cachorros, nunca se veem gatos. Ou não se sentem aves. Apenas latem.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Amei um bicheiro (Guido Bilharinho)

Ritmo e Planejamento

Ao se assistir Amei Um Bicheiro (1952), de Jorge Ileli (Rio de Janeiro/RJ, 1925-) e Paulo Vanderlei (Rio de Janeiro/RJ, 1903-1973), percebe-se que se tem pelo menos quatro diretivas cinematográficas no Brasil na década de 1950.

Além, pois, da chanchada e das tendências realista e intimista que predominaram no período, nitidifica-se, perfeitamente caracterizada, a corrente influenciada pela linguagem e visão cinematográfica estadunidense aplicáveis a assuntos brasileiros.

Voz de Goiânia (Manoel Hygino dos Santos)

(Alice Spíndola)


Alice Spíndola com dois novos livros editados: "Sob a cromática luz da música", prosa, e "Poemas/versek", na coleção Novos Rumos, poesia é claro, em português e húngaro, na versão de Lívia Paulini, que se candidata à Academia Mineira de Letras. Poesia e prosa que alegram o coração, porque são fruto da delicada flora de quem já produziu tanto para deleite espiritual e literário.

Entre orvalho e ferrugem (Webston Moura*)


Stillebern mit Oleander - Vincent van Gogh


“A meus pés ― de um cachorro
cujo nome desconheço ― jorra afeto”
(Lenilde Freitas)



No sereno em que recolho bile e mel,
sussurra-me, íntima,  Milla Jovovich
nua: os olhos azuis (tudo imagino,
e como).

Quem vê estes vitrais que preparo,
a elegância desta bicicleta estendida
ao sol brando de uma tarde antiga
numa cidade do interior?
(Lá se vai Helena a pedalar;
Cecília e seu algodão,
pirulito, pipoca, fita no cabelo).


Até Deus é matéria vulgar ao trato dos homens,
que estes, lobos que o são, O fazem chicletes,
miçanga e pêssego industrial a graus de plástico:
balbúrdia.


Ainda assim a poesia resiste
(ínfima e lágrima)
à velocidade e à fumaça.

*Webston Moura mora em Russas, interior do Ceará e guarda os blogs Arcanos Grávidos e Ótima Música.
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Créditos da imagem: Wikimedia Commons
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domingo, 13 de maio de 2012

Dia das mães (Teresinka Pereira)


Há uma foto de minha mãe
na solidão de meu quarto.
A seu lado trazem saudades
fotos de outras mães
que acariciam
minhas lembranças.
Não tenho nada a queixar:
tive na vida braços
que me levaram ao berço,
e cantigas de ninar
que me davam ilusões
nas noites para dormir feliz.
Como mães foram também
meu pai, minha tia e minha avó.
Com o tempo, todos se foram
à mais serena noite...

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sábado, 12 de maio de 2012

Nave (Silmar Bohrer)




rastilho no espaço
linha reta
efêmera
fumacinha
ao deus-dará
dos céus


nave
bebendo léguas
distâncias
longes pra dedéus


segue

buscando
rumos
certos
incertos
portos desconhecidos


vai
viajante
veloz

(n)ave

vai

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sexta-feira, 11 de maio de 2012

Obra (Pedro Du Bois)




Prefácio: apresento
            a obra
            digo
            da delicadeza
            da palavra
            escrita
a obra: fechada em si
           lamenta a entonação
           cortante nos desvios
           sobrepostos ao texto
glossário: alego insanidade
              em sorrisos e nada explico
              além dos signos traduzidos.


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Quando o Amor é de Graça XII: “Boi de Piranha” (Raymundo Netto)



É preciso muita coragem para se entrar numa guerra. Mas é preciso de muito mais para sair dela.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Atalho (Mariel Reis)


(Abismo, de Manecas Camelo)



É um caminho sem retorno
Um abismo ali dentro luzia,
O diabo pousa no contorno
Das suas pernas fugidias.


quarta-feira, 9 de maio de 2012

A ruptura dos nós (Belvedere Bruno)




Quando me dispus a romper os nós que me atavam a um universo frágil e vazio, senti que a tarefa seria hercúlea. Não me acovardei. Foi como se montasse um cavalo alado e vislumbrasse paisagens que certamente reformulariam o roteiro de minha existência.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Os escritores e a crítica – 3 (Franklin Jorge)

(Charles Baudelaire)

(continuação)
Disse Baudelaire que a principal objeção a ser feita à crítica seria a notoriedade que às vezes confere a alguns artistas contemporâneos. Excetuando-se isso, por seu caráter analítico e investigativo, tem tudo a ver com a sua ojeriza à arte como mera reprodução da natureza. Propositor de uma crítica “apaixonada, parcial e política”, Baudelaire entende, porém, que ao público só interessa o resultado.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Sete visões de um mundo em (de)composição (Nilto Maciel)



Seis mulheres e um homem se encontraram em Fortaleza, uma das metrópoles do Brasil. Ele vem de Limoeiro do Norte, microrregião do Baixo Jaguaribe, Ceará. Tem alguns livros editados e andou (e anda) pelo mundo, a semear metáforas. Elas são mais jovens, mas tão viajadas quanto o criador de Panaplo, e se iniciam nas letras. O resultado desse encontro se intitula Metropolis (Fortaleza: La Barca, 2012), premiado por edital da Secretaria de Cultura de Fortaleza em 2010. A organização da coletânea é de Mariana Marques.

domingo, 6 de maio de 2012

Inspiração e transpiração (Emanuel Medeiros Vieira)




Perguntaram-me numa escola em Brasília : “Como se faz um bom livro?” Eu sorri, sala cheia, jovens de 20 anos. Sabia de cor a resposta de Somerset Maugham: “Há três regras para se escrever um bom livro. Infelizmente, ninguém sabe quais são.” Porque escrever não tem receita. Tem inspiração sim. Mas tem muito trabalho. “Transpiração”, disciplina. Há que começar a faina diária mal rompe a aurora. Todos os dias, todos. E ler, muito. Reler. Ler mais. Sempre. Até o último suspiro. Se pararmos de ler, vamos morrer.

sábado, 5 de maio de 2012

O Brasil pré-ditadura em ‘Vasto Mundo’ (Adelto Gonçalves*)

I

Usar a ficção para reconstituir a realidade com outras palavras e outros nomes – até para não ferir suscetibilidades – é o desafio que muitos escritores têm imposto a si mesmos – mas nem sempre todos se saem bem, o que é natural, pois tudo depende do talento de cada um. Não é o caso do autor deste livro, Alaor Barbosa. Romancista, contista e estudioso da literatura brasileira, Barbosa escreveu Vasto Mundo, volumoso romance de 704 páginas, como uma forma de procurar entender a trajetória de sua própria vida, a partir da transfiguração da realidade. E se saiu muito bem.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Um romance extraordinário (João Carlos Taveira*)

(Interior de Minas, Galeria de Dona Minúcia, http://www.flickr.com/photos/helenajansen/archives)



Quando chegaram às minhas mãos os originais do romance de costumes de Josefina Duailibi Mahfuz, nem pude acreditar no que estava vendo, no que estava lendo. Esse livro levou mais de vinte anos para ser escrito e, mesmo assim, não teve a oportunidade de ser publicado. E certamente não mais o terá, pois sua autora faleceu no interior de Minas há mais de sete anos e a família nem quer saber do assunto. Pelo menos por enquanto.


Breves comentários sobre “Marco do Mundo” (segunda parte)




Carlos Trigueiro:
é uma beleza de criatividade e de coragem de se expor, pois nesses nossos tempos, a arte anda muito por baixo ou - o que é pior - por caminhos politicamente corretos. Não tenho conhecimento para expressar mais do que isso meu caro Solha, pois tudo que vem de você. ou tem muito além da emoção ou tem genialidade -- até mesmo quando não escolhe melhor caminho - e que foi o que me pareceu do Arkáditch - espetacular como ideia, mas muito avançado para os leitores de hoje - e que estão muito aquém da aventura do seu pensamento.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

As cores que constituem o Ser (William Lial)



O recente livro de contos de Nilto Maciel, Luz vermelha que se azula, traz uma coleção de textos que abordam os mais diversos temas e comportamentos do ser humano; transitando entre o humor e o drama de realismo fantástico de muitos textos.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Epigramas (Hilton Valeriano)



Não perde o amor o préstimo da vida,
senão com ínfimo amor quem lida.
***

Anoitecer (Teresinka Pereira)


Chove dentro
e fora de minha alma.


O carteiro chega sem poesia
e me diz descaradamente
que ainda sou jovem.


Se o fosse,
não seria preciso dizer.


Era a tua poesia
que me mantinha jovem.


Agora, começa a anoitecer.


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terça-feira, 1 de maio de 2012

Meu epistolário na Revista Brasileira (Nilto Maciel)




Em 8 de novembro de 2011 proferi conferência na Academia Brasileira de Letras, sob o título “Epistolário hoje: muita comunicação, pouca literatura”. O ciclo, segundo o Acadêmico Alberto da Costa e Silva, se propôs a explicar a vida e a obra de escritores por intermédio de suas cartas a amigos, parentes e outros escritores. A edição nº 70 (janeiro, fevereiro, março de 2012, Ano I da Fase VIII) da Revista Brasileira, da ABL, reproduziu o texto daquela palestra (páginas 159/170). Precedem-no na publicação (assim como precederam no próprio ciclo “Cartas de escritores”, realizado no ano passado) os estudos “A correspondência de Clarice Lispector”, de Nádia Battella Gotlib, e “A correspondência de Machado de Assis”, de Sergio Paulo Rouanet.

O número 70 da Revista Brasileira traz os textos de todos os ciclos de palestras realizadas na sede da ABL no ano de 2011: os ciclos dedicados ao teatro brasileiro, ao ano da Itália no Brasil, às cartas de escritores, ao humor na cultura, aos desafios da tradução literária e às perspectivas da crítica literária.

O diretor do periódico é o acadêmico Marco Lucchesi e o endereço da Academia é Av. Presidente Wilson, 203, 4º andar – Rio de Janeiro, CEP 20030-021. E-mail: publicações@academia.org.br.

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Luzes e caminhos (Luiz Martins da Silva)

(Musas dançando com Apolo, de Baldassarre Peruzzi)

São tantas metáforas
Que se fazem aos caminhos,
Que andar nem é tino
É alegoria de mirar.