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terça-feira, 30 de abril de 2013

Elogiar (Tânia Du Bois)




“Podemos nos defender de um ataque, mas somos indefesos a um elogio.” (Freud)
           
Abro espaço em minha vida para as atividades do cotidiano, mas resisto em considerar algum espaço para dar e receber um elogio ou auto-elogio. O auto-elogio, por vezes, incomoda e até constrange. O elogio incentiva, dá a força e o apoio que me mantém entusiasmada para seguir em frente. Cabe elogiar a todos os que mereçam, porque revelam a coragem do ato, do gesto, da competência e, ainda, fazer justiça a alguém torna menos árdua a sua luta pela sobrevivência. Segundo Shirley Souza, “Uma vida em amostra ao mundo / Toda uma história expressa em camadas / As marcas de uma jornada / Demonstrada por meras palavras...”. Machado de Assis expressa, “Eu não sou homem que recuse elogios. Amo-os, eles fazem bem à alma e até ao corpo”.
             

segunda-feira, 29 de abril de 2013

O tecelão Nilto Maciel (Webston Moura)



Ler é um prazer invulgar e um ato de cidadania. E se pensarmos isto num país onde existe a carência de 130 mil bibliotecas públicas, além de outros desníveis nas áreas de educação e cultura, então ler é até um ato revolucionário, uma subversão. Se tal ato é um prazer, e desse prazer consta a suave alegria vivida em diferentes gradações, melhor ainda o será. E é assim que dou fé de valia (com alegria) ao fiador (tecelão) de palavras Nilto Maciel, cearense de Baturité, mestre específico da variedade literária do conto e provocador tenaz em sua crítica literária.


domingo, 28 de abril de 2013

Vagueando (Carlúcio Bicudo)





 







Quero ser como essa gente:
Pervagando sem rumo certo.
Que alheios males não sentem!
E que, por muitas vezes, desperto.

Quero ser como essa gente:
Perambulando sem ter onde parar,
pois a mente cansada está ciente
do turbilhão incerto, que é amar.

Quero ser como essa gente:
De alma transparente e indolente,
instigando a gente a amar perdidamente.

Quero ser como essa gente:
Destemida que dilacera o coração,
na busca incessante da emoção.

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Kaya [revista de atitudes literárias]




Projeto de Dércio Braúna, Kelson Oliveira e Webston Moura, Kaya [revista de atitudes literárias] é um blog muito bonito. Em sua primeira edição, a revista traz, além dos escritos de seus editores, a participação de Clauder Arcanjo, David de Medeiros Leite, Nilto Maciel, Paulo de Tarso Correia de Melo, Pedro Du Bois e Pedro Salgueiro. Em especial, uma página [Iluminuras] para as artes do olhar. Visite Kaya: http://kayarevistaliteraria.blogspot.com.br/.



sábado, 27 de abril de 2013

Jornada (Pedro Du Bois)











O limite
do trajeto
estendido
em estradas
percorridas

encontrado no fio
desenrolado
em seu término

jornadas
remetem ao início
dos labirintos.



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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Ficar nu (João Soares Neto)



 
Escrever é ficar nu. É mostrar-se todo aos outros. É deixar que façam sobre você todo tipo de leitura, a partir dos valores de quem lê, história de vida, crenças, fantasias e projeções. Escrever é atirar em alvo desconhecido. A flecha toca o alvo que o leitor conduz no seu real, imaginário ou no terra-a-terra da sua ótica. Quando criticamos, elogiamos, brincamos, elucidamos, emitimos opinião sobre pessoa, coisa ou lugar, é claro que nos expomos. O ato de escrever é uma eterna exposição, se é julgado sem direito à defesa, criticado até sem dó ou piedade, pois o leitor é um desconhecido. Dizem que escrever é um ato de coragem. Prefiro dizer que é medo. Medo de silenciar quanto a fatos, pessoas e atos. É medo de ser cúmplice do silêncio, indiferença, calúnia, violência, enganadores, líderes de araque e do descalabro.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

O jornalista Mário Vargas Llosa (Franklin Jorge)






Acabo de reler A Linguagem da Paixão (Arx, 2007), reunião de artigos e ensaios jornalísticos publicados por Mário Vargas Llosa em “El País”, Espanha, e noutros veículos afiliados.

Reafirma-se aqui a sua reconhecida e aclamada vocação beligerante e apaixonada uma comunicação instantânea com o leitor, através do magistério mais amplo do jornalismo que é sem dúvida uma das facetas do seu talento infenso à frivolidade e ao superficialismo.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Guilherme Cassel e o delírio tântrico (Nilto Maciel)





Meu amigo Roberto Schmitt-Prym me ofertou alguns livros. Um deles é Contos de solidão e silêncios (Porto Alegre: Editora Bestiário, 2012), de Guilherme Cassel, gaúcho de Santa Maria. Passei três dias agarrado a ele, o volume. Ao final da aula do dia 6 de abril, fiz uma proposta às meninas e ao menino da oficina (mantenho em casa um laboratório literário, para aprendizes): Qual de vocês quer explorar umas ficções novas, vindas do Sul? E lhes mostrei o objeto. Sulamita espiou as capas, examinou as abas e se disse muito atarefada. Ana Clara parecia no mundo da lua (passou toda a aula a olhar para o nada) e não demonstrou interesse em mergulhar nas estórias. Fabiano não tentou me engabelar: há dias se via atado a umas narrativas de Breno Accioly. Restou Erykah Bloom. Sim, queria muito apreciar a novidade. Só precisava de uns cinco dias. Dei-lhe sete. Analisaríamos a obra no sábado seguinte. E assim o fizemos.  

terça-feira, 23 de abril de 2013

Escritores esquecidos, desmazelo cultural (Valdivino Braz)





“Você conhece Moreira Campos? Já leu algum livro dele?”. Recebo, por meio de e-mail, estas perguntas do amigo e primoroso escritor Nilto Maciel, imbuído de oportuna, pertinente pesquisa “para mostrar o quanto ignoramos nossos escritores menos divulgados pela mídia, pela Academia, pelas editoras, etc.” Com efeito, agora que se apruma a questão, volta-nos à memória o nítido nome de Moreira Campos, a exemplo de outros que vão sendo insidiosamente esquecidos ou simplesmente ignorados.


segunda-feira, 22 de abril de 2013

O universo mágico dos gregotins (Franklin Jorge)





Publiquei neste domingo na coluna que assino no Novo Jornal e o reproduzi em minha página na web, pequeno e despretensioso comentário contendo minhas impressões de leitura de Nilto Maciel, um prolífico escritor de Baturité que se recolheu à Fortaleza, de onde irradia-se em sortilégios literários de que é prova cabal esse livro que não pode faltar na biblioteca dos pesquisadores e dos amantes da literatura.

domingo, 21 de abril de 2013

O cosmopolitismo de A quadragésima porta (Guido Bilharinho)




Com exceção da obra de Teresa Margarida da Silva e Orta (Aventuras de Diófanes, de 1752), de temática grega, clássica, e de um ou outro romance de capa e espada, de cunho meramente comercial, ou mesmo literário, mas, fraco, como Uma Lágrima de Mulher (1880), de Aluísio Azevedo, ou, ainda, Eulâmpio Corvo (1909) e a trilogia Heloísa d’Arlemont (1918/?), do pernambucano Zeferino Galvão (1864-1924), e início de Mana Silvéria (1913), do gaúcho Canto e Melo, a ficção Brasileira palmilha trilha única e comum quanto à localização geográfica, social e econômica da temática elegida, sempre restrita ao Brasil.
                    

sábado, 20 de abril de 2013

As peripécias de um casal em lua de mel tardia (Maria Lindgren)




  
Lua de mel tardia nem sempre pode ser um sucesso. Claro, dois velhotes com problemas de caminhar jamais seriam os mesmos quase atletas do início do casamento. As pernas frouxas de um e a coluna caquerada de outro denotavam o futuro de viajantes: passo tartarugado, costas meio curvas, atrasos, atrapalhações.

Graças a Deus, as cabeças ainda estavam quase no lugar. Digo quase porque, às vezes, falhavam, nos deixavam na mão, com a cara rubra dos que percebem besteiras em ação.

Pedaços de tripas (Homero Gomes)


Livros se vendem muito no Brasil. Os números abaixo não dizem outra coisa. No final da década passada, a Editora Sextante vendia, em média, 60.000 exemplares por título e, em sua trajetória, já vendeu mais de 30 milhões (2 milhões e 500 mil livros por ano, em média). Em 2009, por exemplo, esse número foi parar em mais de 7 milhões. Ela e sua coligada intrínseca venderam juntas mais de 10 milhões de exemplares de Crepúsculo e A Cabana. Em 2012, Ágape, do Pe. Marcelo Rossi, repetiu o prodígio. O que se sabe é que as duas venderam, na primeira década deste século, mais do que qualquer outra editora do país.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Catedrais de barro (Nilto Maciel)




O mal de certa gente afeita a redigir, na hora de lapidar seus contos e poemas, é torná-los quase enigmáticos. Não, não é certo usar esse “quase”. Na verdade, se convertem em signos indecifráveis, semelhantes a fórmulas, ao mesmo tempo cabalísticas e matemáticas. Conheço muitas dessas pessoas de aparência normal (nada de cabeças desproporcionais, antenas verdes plantadas na testa, como aqueles extraterrestres de Hollywood). São idênticas a nós: leem Machado de Assis, Fernando Pessoa, Graciliano Ramos e também Kafka e Joyce (em português). Vão a cinemas, teatros, ouvem música clássica, chorinho, Luís Gonzaga. Tomam chope, conhecem mulheres ou homens, gostam de feijoada, baião de dois e pizza. São quase (aqui cabe o advérbio) iguais aos outros seres humanos. Quando não chegam a tanto, se parecem com escritores.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Made in Lilliput (Luiz Martins da Silva)


















Guardo, no meu quarto, mas já sem pilha,
Jaz, lá, esse trambolho que um dia tanto
Prometeu, vindo das nuvens, doce maravilha,
Deslumbre, mas, logo, no prego, desencanto.

Logro, fiar-me em alegrias deste mundo
De inutilidades para ingênuos viajantes.
Eterno amador, de boa fé, bem que eu fui ao fundo,
Por um triz, fui feliz, mais que um neto de Arcanjo.

Oh! Meu Senhor! Quanta gente há, fingida.
Cretinos! Vendem alegrias para toda uma vida.
Antigamente, pelo menos se dava uma corda.

Hoje, brinquedos digitais, caleidoscópicos,
Sonoras companhias, música, animação,
Para logo dormirem, inertes, num montão.

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