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quarta-feira, 30 de novembro de 2011
terça-feira, 29 de novembro de 2011
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Astrid Cabral e os frutos que não dão em árvore (Nilto Maciel)
(Astrid Cabral)
De ano em ano, de dois em dois anos, me encontro com Astrid Cabral. Não sei a regularidade desses encontros. Não, não há regularidade nenhuma. Se houvesse, seríamos amantes seculares, aqueles de contos fantásticos.
A penúltima vez que estive com Astrid aconteceu em Fortaleza. Terá sido em 2010? Fomos, eu e Soares Feitosa, ao hotel onde ela se hospedara. Brincou, ao telefone: Ela é jovem e bonita? Respondi, como bom amigo: Se fosse velha e feia, eu não o levaria até ela. Na verdade, eles se conheciam, sim, não de apertar as mãos, abraçarem-se, mas de se lerem. Porque todos os bons poetas leem uns aos outros. Fomos ao restaurante do hotel e o almoço durou cerca de três horas. Enquanto falavam de poesia, eu me mantinha calado, a comer o pão que nem Deus amassaria.
domingo, 27 de novembro de 2011
O giuoco piano de Esdras (W. J. Solha)
Página 307 de A Rainha do Calçadão, Opus 14, de Esdras do Nascimento (Global, 2011, 421 páginas):
O romancista Roberto de Aquino brinca com as peças de xadrez. Peão quatro rei. Peão quatro rei. Cavalo três bispo rei. Cavalo três bispo dama. Bispo quatro bispo. Abertura Giuoco Piano. A preferida de seu amigo recém-falecido, o pintor Assuero. Mencionada num manuscrito de 1490 e analisada por Damiano em 1512, giuoco piano que dizer jogo tranquilo, mas no entanto leva a um embate violentíssimo.
sábado, 26 de novembro de 2011
Uma novela critica a perda da identidade cultural (Blog de Eliomar de Lima)
Publicado: 25-11-2011
Autor: Eliomar de Lima
Categoria(s): Brasil, Ceará, Cultura
Autor: Eliomar de Lima
Categoria(s): Brasil, Ceará, Cultura
Raymundo Netto e Nilto Maciel
O escritor Nilto Maciel lança, no próximo dia 1 º, às 19 horas, na Livraria Cultura, a 2ª edição do livro: “Os Guerreiros de Monte-Mor”.
Trata-se de uma novela crítica à perda da identidade cultural do País, segundo o autor. A apresentação será do escritor Raymundo Netto.
O livro é mais uma edição do Armazém da Cultura.
(Foto – Paulo MOska)
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sexta-feira, 25 de novembro de 2011
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Dimas Macedo e a brisa do Rio Salgado (Nilto Maciel)
(Poeta e ensaísta Dimas Macedo)
Recebo livros de Dimas Macedo desde 1980. O primeiro deles foi A distância de todas as coisas. Morava em Brasília havia uns três anos apenas, porém sentia uma saudade tão grande de nossa pátria cearense que aqueles poemas me fizeram chorar. “Amo-te, Lavras, / nasci de ti, / do teu útero perfumado / que se dilatou com o tempo / para receber mais um filho, /pois parti, /o dever da vida me enxotou / para fora de ti”. Lavras significava para mim o Ceará e não apenas a terrinha onde nasceu o poeta.
Nós & nó(s) (Tânia Du Bois)
“... o tempo não pode viver sem nós, para não parar.” (Mário Quintana)
(Gente normal, Willian de Lima)
Lendo alguns poemas, percebi que certos poetas gostam de desamarrar a linguagem. Desbravar caminhos sem medo de assumir a poesia.
“desfaz os nós/ desamarra/ solta/ na liberdade do corpo/ dança/ anda/ corre/ no livre pensar/ esconde as razões // refaz os nós/ amarra/ prende/ o corpo ao começo.” (Pedro Du Bois)
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Dos livros (Franklin Jorge)
Disse Georges Bataille que a literatura é uma força essencialmente contestadora, uma presença confrontada em “medo e tremor”, capaz de nos revelar a verdade da vida e suas possibilidades excessivas, que só se realiza quando escrever deixa de ser uma arte da livre vontade para tornar-se uma questão de sobrevivência.
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Encantamento (Inocêncio de Melo Filho)
Para Manoela Alcântara
Encontrei-a na ceia larga do delírio
Entre mistérios humanos e divinos
As pessoas se multiplicavam
Ao redor da mesa
Contemplando o pão e o vinho
Irmanando-se em cada olhar
Em cada sorriso
E em cada chamado.
Ficamos próximos
A felicidade nos saciou
Deixei-a com irmãos diletos
E me fui encantado
Levando na memória o ósculo
Que deixei na sua mão.
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segunda-feira, 21 de novembro de 2011
João Carlos Taveira e o alçar das asas (Nilto Maciel)
(Poeta João Carlos Taveira, a dizer poemas)
Ao chegar a Brasília em 1977, eu conhecia de nome alguns escritores de lá. Os primeiros com quem me encontrei foram Nicolas Behr (ainda adolescente, cabelos longos, livrinhos mimeografados num saco ou mochila), Danilo Gomes (que me entrevistou para o Suplemento Literário Minas Gerais) e Salomão Sousa. Num segundo momento, como frequentador das reuniões da ANE (Associação Nacional de Escritores), como convidado (ainda não como associado), conheci Taveira e outros escritores mais antigos de Brasília, como Almeida Fischer, Joanyr de Oliveira e Anderson Braga Horta. Esses encontros se davam no bar Macambira, na Asa Sul, após as reuniões oficiais. Ao redor de mesas, bebíamos muito e falávamos de nós mesmos e de livros, além de trivialidades.
domingo, 20 de novembro de 2011
sábado, 19 de novembro de 2011
Atrás da porta (João Soares Neto)
As varizes nos membros inferiores faziam-no andar arrastado. Já operara duas vezes e elas voltavam. Pareciam formiguinhas andando dentro de suas veias, especialmente na região da panturrilha. Aprendera esta palavra com o cirurgião vascular que o operara. Achava bonito e até ficava contente em dizer a Joan, sua descrente mulher, que as panturrilhas estavam doendo mais.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Oito livros e um relato de leituras (Nilto Maciel)
Não dedicarei uma crônica a cada publicação recebida, por falta de tempo (passo dias e dias a rabiscar uma crônica, um artigo, na maior dificuldade). Sendo assim, apenas lembrarei, nesta nota de rodapé, oito impressos lidos, com muita satisfação, nos primeiros dias de novembro de 2011. São de variados gêneros: dois de poemas, dois de crônicas, três de contos e um romance. Os autores são meus amigos (entretanto, a maioria deles nunca vi), dois moram em Fortaleza (Dias da Silva e Raymundo Silveira) e os demais em cidades distantes daqui (Ádlei Duarte de Carvalho, em Belo Horizonte; Carlos AA de Sá, em São João da Barra, RJ; Franklin Jorge e Paulo de Tarso Correia de Melo, em Natal; e Urda Alice Klueger, em Blumenau, SC).
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Felicidade (Ronaldo Monte)
Chega a ser divertido o esforço das pessoas para definir o que seja felicidade. Antigamente, felicidade era um conceito vago, sua definição dependia das aspirações mais ou menos espirituais de cada um. Hoje a coisa ficou fácil, porque a felicidade passou a ser materializada pelos promotores de marketing. Pode ser encontrada num artigo de consumo disponível na prateleira de qualquer supermercado, nas revendas de automóveis ou no balcão das agências de viagem.De tanto penar à procura de uma noção de felicidade que me deixasse feliz, resolvi aderir ao materialismo individualista pós-moderno e decidi: felicidade é o resultado do bom funcionamento das coisas. Não existe coisa pior do que aqueles períodos em que todas as coisas da sua casa começam a deixar de funcionar. Começa pelas lâmpadas. Teve uma vez que cinco lâmpadas, nos mais diversos cômodos daqui de casa, deixaram de acender. Logo em seguida, inevitavelmente, quebra o liquidificador. Depois pode vir o ferro elétrico ou a televisão da sala. Daí em diante a coisa entra em progressão geométrica, podendo terminar com um vírus que corrompe todos os arquivos do seu computador, inclusive aquele que você deixou para fazer o back-up no final da tarde.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Brasília revisitada (Emanuel Medeiros Vieira)
Fragmentada crônica “poética” para os que aqui nasceram e que também para os que aqui vieram morar – amaram e honraram a cidade.
Para dona Eliete, com saudade
Em memória de Ivan Moreira da Silva e de Ronaldo Paixão Ribeiro
Tomo o Grande Circular, W-3 Sul, W-3 Norte, mangueiras em flor, primeiras chuvas, a grama ficando verde, penso na “Sinfonia da Alvorada”, nos pioneiros, no barro vermelho, não, não a capital do estatuto, dos maquiáveis planaltinos, mas a urbe de Clarice e do Lucas, de Renato Russo lecionando na “Cultura Inglesa” aos 19 anos, indo a pé ao Cine Brasília, atravessando os verdes, SQS, SQN, não SOS– meu particular socorro nas noites do hospital “Santa Lúcia – em que ‘quase’ desmoronei, e recebi a Unção dos Enfermos, e me deram dois dias de vida – e estou aqui, da Feira do Guará, onde Clarice dançava forró ao som de Luiz Gonzaga, outros sábados, o “Beirute”, o “Bar do Raul” e o finado “Bar do Afonso”, o “Campo da Esperança”, onde deixarei os meus ossos, e lá ficaram o Esmerino, a dona Eliete, o Navega, o Fernando, o Márcio, o Albino, o Côrtes, o Elídio, o Ivan e tantos outros. Ah, cidade bandas de rock, e onde vi Glauber Rocha no Festival de Brasília e conversei carinhosamente com o conterrâneo/cineasta Rogério Scanzerla, que foi interno no Colégio Catarinense, e há poucos anos morreu de câncer. Cidade de amores findos e tão belos urbe de sonhos feitos/ desfeitos da esperança e da solidão, cidade de amigos eternos das belas morenas aqui nascidas, do SCS (agora “traduzo”- Setor Comercial Sul), onde assisti ao comício pelas Diretas, Tancredo, Ulysses, do belo campus da UnB, das cidades-satélites, da riqueza concentrada, do Plano Piloto (não “Pilatus”), cidade deste meu andar, desta escrita, deste sábado de setembro, céu de anil, leio no parque, escrevo na máquina elétrica encantos cerrados, florzinhas descobertas aos poucos, da louvação às primeiras chuvas, do amolador de facas (a cidade tem esquinas sim: é preciso decifrá-las), belos crepúsculos, o Parque da Cidade, a Água Mineral, a cidade real (não a da mídia) não vive nos palácios, mas no rosto de muitos brasis, ah, Clarice, Lucas, e Célia – baiana que aprendeu a amar o Planalto Central. Um dia não estarei mais aqui (apenas estrume), memória, e chegarão as chuvas de outubro – amando, pois só me resta amar.
(Revistando Brasília, após a transferência para a Bahia.)
/////Coisas Engraçadas de Não se Rir XV: O Estandarte do Coronel (Raymundo Netto)
Coronel Oswaldo era um viúvo octogenário. O síndico perfeito. Homem de temperamento forte e austero, se distinguia pela invulgar habilidade de comando, fruto de anos dedicados às Forças Armadas de um Brasil. Procurassem, fosse na hora que fosse, acolhia pacientemente as lamentações das moradoras — os maridos não lhes davam a menor bola — que o palmeavam e o exaltavam na hora da janta: “Que homem esse é o seu Oswaldo!”
terça-feira, 15 de novembro de 2011
O romance da geração de 70 (Adelto Gonçalves*)
I
Depois de publicar, em 2005, O Viúvo (Brasília: LGE Editora), definido por este articulista como um das poucas obras-primas do romance brasileiro do começo do século XXI, Ronaldo Costa Fernandes (1952) volta a incursionar no gênero, desta vez com Um homem é muito pouco (São Paulo: Nankin Editorial, 2010), que pode ser considerado o romance de uma geração, a geração que começa agora a chegar a seis décadas de existência e viveu convulsivamente o pesadelo das décadas de 1960 e 1970, a longa noite do terror direitista (1964-1985) que infelicitou a Nação. E que como legado favoreceu o fortalecimento de um conluio de antigos esquerdistas arrependidos com arrivistas e oportunistas de todos os matizes que, hoje, saqueiam a não mais poder os cofres da República.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Viagem à antiga capital do Brasil (Nilto Maciel)
Convidaram-me a falar na Academia Brasileira de Letras. Não sei o nome dessa alma magnânima. Ninguém se disse pai da criança. Perguntei a vários amigos (residentes em Fortaleza) e nenhum teve coragem de bater no peito e garantir: “Sim, tudo partiu de mim”. Fulano torceu a boca: “Não posso asseverar que o meu pedido foi aceito, mas o telefonema ao presidente...” Outro coçou o queixo: “Afiançar não posso, porém sou tentado a reconhecer que uma palavrinha desta boca tão desejada por homens e mulheres...” Na verdade, recebi emails de Marta Klagsbrunn, assessora cultural da ABL. Num deles se lia: “Em nome da Diretoria da Academia Brasileira de Letras, temos a honra de convidá-lo para proferir uma conferência sobre o tema Epistolário hoje: Emails, blogs, como parte do Ciclo de Conferências da ABL 2011, Cartas de escritores, no dia 8 de novembro do corrente ano, terça-feira, às 17h30”. Sou tentado a imaginar o nome de Alberto da Costa e Silva, coordenador do Ciclo.
domingo, 13 de novembro de 2011
sábado, 12 de novembro de 2011
Entre a violência e a beleza (Henrique Marques-Samyn)
Vida cachorra é o quarto (e mais recente) livro de Mariel Reis. Como não conheço seus livros anteriores, não posso estabelecer entre eles um juízo comparativo; não obstante, se isoladamente analisado, Vida cachorra apresenta as qualidades próprias de um escritor experiente, que maneja habilmente os recursos narrativos e explora uma ambiência que lhe é familiar. Por suas características formais − o uso de frases curtas e de uma linguagem eivada pelo calão, recursos adequados à construção de contos envolvendo personagens típicas da urbanidade brasileira, sempre encerrando algum nível de violência física ou psicológica −, o volume representa exemplarmente uma certa tendência da nossa literatura contemporânea.
Vida cachorra apresenta as qualidades próprias de um escritor experiente, que maneja habilmente os recursos narrativos e explora uma ambiência que lhe é familiar
Não se pode negar que Mariel Reis produz um texto que, por sua proposta realista e por sua agilidade narrativa − que dão aos contos de Vida cachorra um cariz quase jornalístico −, está em perfeita consonância com o modus vivendi da urbanidade atual. Há em seus contos uma incontornável concretude, que força os limites da ficcionalidade; com efeito, nosso cotidiano enseja inúmeros episódios semelhantes aos figurados na obra − sobretudo quando, por força das tensões latentes, a agressividade eclode de maneira súbita e avassaladora. Essa adesão ao real, contudo, é também traiçoeira, por suscitar o risco de um mero espelhamento. Façamos um paralelo com as obras de fotógrafos como Henri Cartier-Bresson e William Klein: o que as diferencia de fotografias tiradas casualmente nos cenários urbanos é justamente o fato de que recortam, na matéria-bruta do real, os momentos que superam a trivialidade por sua qualidade estética. A essência do método de Bresson pode ser aplicada à literatura: a obra nasce da síntese do instante significativo com uma precisa organização formal.
Em Vida cachorra, há textos nos quais Mariel Reis demonstra o raro talento de conjugar esses elementos − textos nos quais sua escrita figura situações-limite, que passam despercebidas ao olhar ordinário: o despejo de uma avó e sua neta, aliás abandonada pela mãe, induzidas, por seu estado de privação, a ressignificar todas as relações de posse; o homem que, em situação de rua, recusa-se a ser removido sem o seu cachorro, único a acompanhá-lo na solidão. Como as outras narrativas que compõem o livro, também estas são violentas; contudo, há nelas um diferencial: uma força lírica que equilibra a estrutura ficcional − do que resultam contos que, para além de constituírem uma mera apropriação literária da violência, problematizam a débil condição à qual tantos são condenados na contemporaneidade. É em narrativas assim que Mariel exibe um notável talento para perscrutar os subterrâneos urbanos e deles arrancar uma beleza inesperada; ao construir um texto sobre suas vozes, atinge a modulação precisa que perfaz a pungência a partir dos silêncios. Então, não mais se trata de meramente incorporar ao texto literário a brutalidade que nos envolve, mas de provocar um questionamento sobre o que fazemos de nós mesmos e daqueles que nos cercam; de construir, enfim, uma literatura fundamentalmente crítica. Como um escritor que, ao fazer de seus personagens os impercebidos no cenário urbano, ultrapassa a superfície documental e desvela os conflitos interiores. Ou como um fotógrafo que, em vez de meramente registrar o cadáver, flagra o momento em que o assassino está prestes a apertar o gatilho.
Fonte:http://clavecritica.wordpress.com/2011/10/24/entre-a-violencia-e-a-beleza/#more-256
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sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Quadrinhas de Silmar Bohrer
(Chico Lopes: Outono com Marlene e pássaro azul)
Bom mesmo, o tempo passou !
Dias e meses de espera
eis que enfim então chegou
nossa amada primavera.
Chico Miguel de Moura, o menino quase perdido (Nilto Maciel)
Minha amizade com Chico Miguel de Moura tem sido sempre retardada. Sua primeira obra publicada, em 1966, intitula-se Areias. No entanto, só tive oportunidade de a ler mais de 10 anos depois. Eu morava em Fortaleza (até 1977); ele, em Teresina. Capitais de estados limítrofes, sim, porém tão distantes um do outro que mais parecem fincados em pólos opostos. Quem no Ceará sabe, pelo menos, os nomes dos principais escritores piauienses? Que cearense leu O. G. Rego de Carvalho, Mário Faustino, Assis Brasil?
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Paisagem: aquarela de cores (Tânia Du Bois)
(A passagem da andorinha, de Chico Lopes)
“... Palavras em folhagem transparente / Que tomaram forma de orvalho em pranto”. (Benedito Cesar Silva)
A natureza sabe posar para nós, falar com cada um e ainda capturar os sentimentos. Ela revela, aos sensíveis, a poesia. E, a partir da paisagem, podemos repassar e continuar com ela ao nosso lado: horizonte a horizonte.
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Coisas da vida em contos (Pedro Paulo Paulino)
“Lagartas-de-Vidro” é o livro de contos que o escritor Raymundo Silveira apresenta ao leitor. O trabalho foi ganhador do Prêmio Concurso Nacional de Conto e Poesia – Correio das Artes 60 anos, da Paraíba. A orelha do livro vem assinada pela escritora Maria Valéria Rezende e a arte da capa é de Lia Silveira. É a segunda obra literária premiada do autor sobralense membro da SOBRAMES (Sociedade Brasileira de Médicos Escritores). A publicação reúnde 27 contos e o primeiro deles dá nome à coletânea.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
O silêncio de um homem entre ruídos (João Carlos Taveira*)
O escritor Eugênio Giovenardi milita no verso e na prosa com a desenvoltura de quem sabe o caminho das pedras, em sua caminhada pelo mundo e pelos insondáveis mistérios da metafísica. Mas o seu forte, pelo visto, é o gênero em que melhor se acomoda dentro da linguagem: o romance de ficção, no qual já publicou cinco títulos dos onze que constam de sua bibliografia.
sábado, 5 de novembro de 2011
Arkáditch, romance policial cult? (Nilto Maciel)
O primeiro livro de W. J. Solha que li deve ter sido A canga, sobre o qual escrevi (anos 70 ou 80) um comentário – “A lucidez possível” –, publicado em diversos jornais. Afastamo-nos durante um período (quem há de saber os motivos?). Devo ter perdido o endereço dele. Muito adiante, voltei a receber notícias e publicações dele: História universal da angústia, Relato de Prócula e, no outubro passado, Arkáditch. Há tempos ele me “falava” (por e-mail) dessa nova história: opiniões de amigos, recusas de editores, desilusões, etc. Tem confessado em particular e ao público: “Costumo dar meus originais – quando sinto que ainda não estão bons – a pessoas que respeito no ramo e que me sejam, evidentemente, acessíveis”. Também já fiz isso e muito me arrependi. Cada cabeça uma sentença. Se o escritor der ouvidos aos “leitores” de originais, jamais concluirá a obra. Chateado, Solha pensava até em desistir da publicação de Arkáditch, jogá-lo fora ou deixá-lo na gaveta. Talvez nunca o editasse. E se o mandasse para editoras? Mandou e se arrependeu ainda mais. As recusas foram tantas que deve ter pensado até em abandonar definitivamente o hábito de escrever.
A separação (João Soares Neto)
Tudo tinha sido mais rápido do que ela imaginara. Um casamento de 36 anos havia ido para o espaço como uma balão a gás que desaparece entre as nuvens. Não havia motivo específico. Um cansara do outro. Não gostavam mais de conversar, liam jornais diferentes, cada um comia do seu jeito sem hora marcada e o quarto de casal era só dela, com todas as fotos da família que não lhe davam mais prazer, nem anestesiavam a dor do filho quase imberbe morto na Guerra do Golfo Pérsico, um dos poucos americanos que voltara para casa em caixão de zinco coberto pela bandeira nacional.
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Revista Clave Crítica em outubro
(Cesário Verde)
RELER CESÁRIO - por Henrique Marques-Samyn:
Em 22 de março de 1874, o "Diário de Notícias" publicava um tríptico poético, intitulado "Fantasias do impossível", assinado por um jovem que estreara literariamente havia poucos meses, e cuja importância não seria logo reconhecida. Embora Cesário Verde, então com apenas dezoito anos, estivesse preparado para uma recepção hostil da parte dos conservadores, esperava aplausos dos revolucionários coimbrãos; com esses, no entanto, alinhavam-se alguns dos que mais veementemente o censurariam.
Continue lendo → http://clavecritica.wordpress.com/2011/10/31/reler-cesario/
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Animal olhar quando se abre António Ramos Rosa (Marco Aqueiva)
(António Ramos Rosa)
ESTAMOS AQUI TALVEZ PARA DIZER: CASA
PONTE, ÁRVORE, PORTA, CÂNTARO, FONTE, JANELA –
E AINDA: COLUNA, TORRE... MAS PARA DIZER, COMPREENDA,
PARA DIZER AS COISAS COMO ELAS MESMAS JAMAIS
PENSARAM SER INTIMAMENTE.
RAINER MARIA RILKE
O mundo em pedaços. O homem que não vê sentido no mundo. O silêncio em torno das coisas. Engajado na busca do rosto do mundo sempre pronto a fragmentar-se e perder o sentido, o poeta encarna a aventura de reaprender a vê-lo por meio da poesia, interrogá-lo e poetizá-lo como tarefa de uma reaprendizagem essencial. “Experiência extrema, experiência-limite, negação de toda a experiência que não seja a da acção poética. Conceito de transgressão. O poeta moderno não escreve para dizer algo que conhece mas para dizer o que ignora, para encontrar o verdadeiramente desconhecido, o novo, o inicial.” Estas palavras do poeta-crítico português António Ramos Rosa que, referidas a esta experiência radical da poesia moderna, bem sintetizam a aspiração e a determinação com que ao longo de mais de cinquenta anos vem dedicando-se incansável e tenazmente às tarefas e coisas da Poesia. (Esta dedicação absoluta, refira-se de passagem, valeu-lhe de Bernard Nöel o epíteto de Francisco da Assis da poesia.) De sua longa folha de serviços consta indubitavelmente um mobiliário dos mais preciosos da literatura de língua portuguesa no século XX em poesia, crítica e tradução: em poesia, obras vigorosas desde O Grito Claro (1958) quando estreia em livro; na crítica, ensaios penetrantes como os publicados em Poesia, Liberdade Livre (1962); em tradução, notadamente o rigor e a sensibilidade aplicados a autores franceses como Paul Éluard (1963). Acrescente-se, ademais, sua participação no meio literário português como crítico colaborador de revistas como Seara Nova e Colóquio, tendo ainda exercido a co-direção da Árvore (1952-1954), Cassiopeia (1956) e Cadernos do Meio-Dia (1958-1960). O amor ativo de Ramos Rosa à Poesia lhe valeu, como referimos, uma aproximação com o autor de Il cantico del sole e tem lhe rendido com efeito o justo reconhecimento, como atestam os incontáveis prêmios recebidos, dentre eles, o Prêmio Pessoa (1988) e o Grande Prémio de Poesia APE/CTT (edição 2005) por Gênese.
terça-feira, 1 de novembro de 2011
A sabença de Jorge Tufic em prosa e verso (Nilto Maciel)
(Jorge Tufic)
Há tempos não compareço aos encontros semanais de escritores no Ideal Clube, em Fortaleza. Toda quarta-feira lá estão, a bebericar uísque, saborear petiscos, contar histórias, alguns dos mais conhecidos versejadores e prosadores da terra de José de Alencar – acadêmicos, quase todos –, com livros e mais livros publicados e elogiados em jornais. São bons conversadores, língua solta, sem maledicência: Beatriz Alcântara, Carlos Augusto Viana, Diogo Fontenelle, Fernanda Quinderé, Giselda Medeiros, Inez Figueredo, José Telles, Juarez Leitão, Linhares Filho, Lourdinha Leite Barbosa, Luciano Maia, Pedro Henrique Saraiva Leão, Regine Limaverde, Virgílio Maia e outros. Entre estes outros está o vetusto Jorge Tufic, nascido no Acre (de pais árabes) em 1930 e radicado no Ceará desde 1991. Não acompanhei (morava em Brasília), os seus primeiros anos aqui. Entretanto, nos líamos com frequência e desde cedo admirei a sua poesia amazônica e universal.
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